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Prevê-se que o crescimento do comércio mundial abrande significativamente este ano para cerca de 1%, em resultado da escalada dos direitos aduaneiros e da incerteza política. Isto representa um corte de dois pontos percentuais em relação às perspetivas provisórias elaboradas em março, de acordo com um estudo recente realizado pela Crédito y Caución. Até 2026, espera-se uma ligeira recuperação, em torno de 2%, à medida que a economia global se ajusta ao impacto das tarifas.
O comércio global registou um crescimento sólido no primeiro trimestre de 2025 graças à antecipação das encomendas de exportação, mas espera-se uma contração no resto do ano, especialmente significativa nos Estados Unidos, Canadá e México. Este abrandamento rompe com a tendência de crescimento inicialmente esperada. O comércio mundial tinha registado uma ligeira recuperação de 1,8% em 2024, depois de ter contraído em 2023, pelo que se esperava que continuasse a recuperar em 2025.
Um dos fatores subjacentes a estas estimativas ascendentes foi a evolução positiva das novas encomendas de exportação. No entanto, estes entraram mais uma vez em território negativo devido à guerra tarifária, que também está a desenhar um novo mapa comercial no qual a América do Norte está a ter um menor protagonismo.
Na Europa, o estudo da seguradora de crédito prevê um crescimento da produção interna e uma fraca recuperação das exportações, de 0,6% este ano e de 0,1% em 2026. Isto deve-se, em grande medida, à menor procura mundial de bens e à perda de competitividade dos preços no mercado norte-americano. A apreciação do euro face a outras moedas amplificará estes efeitos.
Em termos globais, a evolução do comércio será condicionada pela política económica e tarifária dos Estados Unidos. Dentro das grandes potências, a China sofrerá menos com os efeitos da guerra comercial e a Europa poderá receber um impulso através das importações, o que antecipa uma mudança significativa nos padrões comerciais que se tinham vindo a desenvolver até agora.