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Investimento imobiliário no retalho: 383,5 milhões de euros no 1º trimestre em Portugal

Relatório Impacts, da Savills, prevê um aumento do investimento global em ativos de retalho.

Foto Shutterstock

Foi divulgado o último relatório Impacts, da Savills. Os dados recolhidos fazem crer que o volume do investimento imobiliário do sector de retalho irá aumentar a nível global. O relatório indica que em várias localizações estratégicas, os retalhistas estão novamente a expandir as suas redes de lojas, o que está a impulsionar o crescimento das rendas nos principais mercados de retalho e, consequentemente, a atrair um renovado interesse por parte dos investidores.

No caso português o documento refere que o “cenário é particularmente promissor”. Os principais indicadores apontam para um ano de forte dinâmica, tanto ao nível do investimento como da ocupação. No primeiro trimestre de 2025, o volume de investimento imobiliário no sector do retalho atingiu os 383,5 milhões de euros, um valor significativamente superior ao registado no período homólogo de 2024. O retalho manteve-se como a classe de ativo mais atrativa, concentrando mais de 50% da atividade de investimento em imobiliário comercial.

Já no mercado ocupacional, a procura continua elevada, especialmente nas zonas com maior tráfego pedonal. Os retail parks e os centros comerciais registam níveis de ocupação muito elevados, refletindo a vitalidade destes segmentos. Já no comércio de rua, o principal desafio continua a ser a escassez de oferta, o que, aliado a uma procura consistente, mantém as rendas numa trajetória de crescimento.

A avaliação feita por José Galvão, head of Retail at Savills Portugal, é a de que “Portugal reúne condições para o desenvolvimento de retalho únicas na Europa. O crescente tráfego de turistas, a possibilidade de incrementar a área de retail parks (ainda diminuta quando comparada com outras geografias), a consolidação dos centros comerciais e o dinamismo das zonas comerciais das principais cidades são as grandes vantagens competitivas. Operadores e investidores olham para estas vantagens como oportunidades num contexto global de grande incerteza”.

O relatório Impacts destaca também que, apesar dos desafios enfrentados a nível global como o crescimento do comércio eletrónico, crises económicas, pandemia, alterações climáticas e instabilidade geopolítica, o esperado encerramento massivo de lojas não se concretizou. Embora o sector continue complexo, mostra sinais de adaptação e resistência.

Face a isto Oliver Salmon, capital Markets, Savills World Research, considera que “apesar de algumas reservas persistentes, muitos investidores estão a reavaliar a sua abordagem ao retalho. Em 2024, o investimento global neste sector manteve-se estável, com um impulso notório no segundo semestre. Através de algumas transações relevantes, o retalho começou a captar uma fatia crescente do capital institucional. Ainda assim, a recuperação será gradual e exigirá uma seleção criteriosa dos ativos”.

O estudo salienta ainda que a correção de preços nos ativos de retalho tem criado novas oportunidades de investimento. As yields atrativas tornam o sector competitivo face a outros segmentos, como a habitação ou a logística, que enfrentam pressões crescentes sobre o valor das rendas e apresentam preços mais ajustados devido ao volume de capital alocado.

A nível internacional, o sector do retalho apresenta dinâmicas distintas. Na Ásia-Pacífico, países como Austrália, Malásia e Índia registaram um aumento no investimento, sobretudo em centros comerciais regionais, enquanto o Japão se destaca pelo crescimento das vendas impulsionado pelo turismo. Nos Estados Unidos, a taxa de desocupação no retalho atingiu um mínimo histórico de 4,7%, com elevada procura em várias categorias, embora algumas marcas estejam a desacelerar a expansão e a olhar para o Canadá como alternativa. Na Europa, a escassez de novos projetos tem valorizado os ativos existentes, com destaque para os centros comerciais premium e retail parks, que continuam a apresentar bom desempenho.

Apesar do abrandamento do sector na Europa, os ativos de primeira linha continuam a ser procurados. Os operadores concentram-se em localizações prime e os segmentos de desporto, lazer e moda ‘value’ lideram a ocupação tanto em ruas comerciais como em centros urbanos. Os retail parks mantêm-se particularmente resilientes, com oferta limitada e forte procura”, conclui Larry Brennan, head of European Retail Agency, Savills.

 

 

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