A Internet tem mais valor para a economia global do que sectores tradicionais como a agricultura e a energia, conclui o estudo “A Economia Hiperconectada”, realizado pela Economist Intelligence Unit e patrocinado pela SAP. O relatório analisa impacto da hiperconectividade – ligação de pessoas, lugares, empresas e “coisas” através da Internet – na economia, nas empresas e nos comportamentos.
De acordo com este, e embora as estimativas sobre o contributo da Internet para o Produto Interno Bruto variem, é consensual que a contribuição da Internet representou mais de 3,4% do PIB das maiores economias do mundo entre 2010-2011 e está a crescer rapidamente, estimando-se que em 2016 o valor da Internet duplique em relação aos números de 2010.
Outra conclusão relevante deste relatório admite que a adoção contínua da Internet e das tecnologias móveis beneficiará todas as economias, mas será particularmente de grande valor para os países em desenvolvimento. Menos de metade da população mundial tem acesso à Internet, mas os benefícios económicos e sociais de uma utilização mais vasta são impressionantes. Estudos sugerem que se as economias em desenvolvimento aumentarem a utilização da Internet para os mesmos níveis dos países ricos, as taxas de crescimento dos seus PIB se situariam nos 72% e seriam criados 140 milhões de empregos.
Existem também provas sólidas de que a utilização crescente de smartphones pode contribuir para o crescimento económico, sendo que muitos mercados emergentes já utilizam amplamente os telemóveis, para operações bancárias ou informação empresarial.
O impacto económico da “Internet of Things” (Internet das Coisas) ainda está por determinar. A hiperconectividade terá um crescimento explosivo, estimando-se que o número de “coisas” conectadas (excluindo PCs, tablets e smartphones) aumente 30 vezes entre 2009 e 2020. A nível empresarial já existem evidências da eficiência e da redução de custos proporcionada pela produção “inteligente”, ou pelas campanhas de marketing altamente direcionadas, mas ainda é cedo para quantificar os benefícios finais, existindo no entanto poucas dúvidas da mudança profunda que está em curso.
A hiperconectividade é uma boa notícia numa escala macroeconómica, mas é um desafio para algumas empresas. O crescimento da hiperconectividade já atingiu alguns sectores duramente, como o da música, de livros, à imprensa e retalho. Muitos outros sectores de atividade serão forçados a fazerem alterações profundas nos próximos anos, à medida que aumentam as ofertas alternativas em todos os sectores, desde o aluguer de viaturas à reserva de hotéis. Isto forçará muitas empresas a adaptarem às novas tecnologias e a conviverem com o online.
A hiperconectividade está a acelerar a globalização e pode promover o regresso da produção industrial aos países desenvolvidos. As cadeias de fornecimento de multinacionais já não estão reservadas às grandes empresas, pelo que ao mesmo tempo é uma oportunidade e uma ameaça para as empresas em todo o mundo. No entanto, a longo prazo, a automatização extrema, proporcionada pela hiperconectividade, pode levar a que a produção regresse aos países desenvolvidos.
Mais do que uma plataforma para a atividade económica, a hiperconectividade é um novo ambiente cultural para todo o comportamento humano. O impacto da hiperconectividade no comportamento humano ainda não se revelou na sua totalidade, todavia as empresas devem estar sensíveis às mudanças dos valores sociais e às expectativas dos clientes, à medida que o impacto da mesma vai evoluindo. O impacto final permanece incerto: por um lado, não é evidente que a hiperconectividade aumente, por exemplo, o círculo social das pessoas ou que estas mudarão os seus comportamentos apenas porque podem fazê-lo.
Além disso, as compras no online são pouco significativas (ainda que estejam em rápido crescimento) quando comparadas com o retalho tradicional. Por outro, tudo pode mudar com uma rapidez extraordinária e as mudanças podem ser bastante profundas. No espaço de cinco anos, a Internet tornou-se no meio principal para as pessoas em idade universitária, por exemplo, encontrarem par e, em muitas áreas da educação, substituiu totalmente os livros em papel. De igual modo, a nova transparência permitida pela Internet já forçou mudanças para todos, desde administrações públicas a empresas.