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O Grupo DHL apresentou um desempenho financeiro resiliente no segundo trimestre de 2025, com um crescimento significativo dos lucros, apesar da queda nas receitas e de um cenário económico global marcado por tensões geopolíticas e abrandamento do comércio internacional.
Durante o segundo trimestre, as receitas do Grupo diminuíram 3,9%, fixando-se em 19,8 mil milhões de euros (face aos 20,6 mil milhões registados no mesmo período de 2024). Esta quebra foi atribuída sobretudo a efeitos cambiais adversos e à redução nos volumes de comércio internacional.
Apesar disso, a DHL conseguiu melhorar substancialmente a sua rentabilidade. O lucro operacional (EBIT) aumentou 5,7%, alcançando 1,4 mil milhões de euros, refletindo uma margem de EBIT de 7,2% — superior aos 6,5% registados no ano anterior. Já o lucro líquido consolidado após interesses não-controladores cresceu 9,6%, situando-se nos 815 milhões de euros. Os lucros por ação subiram de 0,64 para 0,72 euros.
Foco em mercados estratégicos
A CFO do Grupo, Melanie Kreis, destacou a eficácia da estratégia da empresa face à instabilidade global: “No segundo trimestre, os conflitos comerciais e as tensões geopolíticas afetaram a dinâmica económica global. Antecipamos uma volatilidade contínua no segundo semestre. O nosso foco na melhoria da eficiência e nos mercados em crescimento está a compensar esta situação”, afirmou.
Este foco traduziu-se na continuidade do programa “Fit for Growth”, que inclui uma revisão contínua das capacidades operacionais e cortes estruturais de custos. A DHL Express, por exemplo, conseguiu aumentar a rentabilidade através da redução de custos na rede aérea e na logística de última milha, mesmo com o esperado declínio nos envios internacionais com prazo definido (TDI).
Apesar de um capex 4% inferior ao do ano anterior (608 milhões de euros no trimestre), o Grupo DHL continuou a apostar fortemente em mercados estratégicos e sectores de alto crescimento, no âmbito da sua Estratégia 2030.
Destaque para:
- Investimentos superiores a 500 milhões de euros no Médio Oriente até 2030, com foco na Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
- Aquisição da CRYOPDP, especializada em logística para ensaios clínicos e biofarma, reforçando a presença da DHL no setor farmacêutico.
- Expansão do Health Logistics Campus em Florstadt, Alemanha, que se tornará o principal hub farmacêutico da DHL na Europa.
- Aquisição da IDS Fulfillment (EUA) e parceria estratégica com a Evri (Reino Unido), fortalecendo a posição no setor do comércio eletrónico.
Perspetivas para 2025
O Free Cash Flow (excluindo fusões e aquisições) caiu 8,5% no trimestre para 329 milhões de euros. No entanto, no acumulado do primeiro semestre, cresceu 7,9%, alcançando 1,1 mil milhões de euros. A gestão disciplinada do capital e o foco na eficiência operacional têm garantido fluxos de caixa robustos, mesmo num ambiente de receitas mais frágeis.
A orientação financeira para o ano permanece inalterada, com a DHL a manter a expectativa de alcançar: um EBIT de pelo menos 6 mil milhões de euros, e um Free Cash Flow (excluindo M&A) de cerca de 3 mil milhões de euros.
A empresa alerta, contudo, para os riscos associados a uma possível escalada de tensões tarifárias e comerciais, que poderão impactar negativamente os seus resultados.