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Custos da última milha disparam e desafiam rentabilidade do e-commerce na Europa

Estudo da DS Smith revela que metade dos retalhistas prevê duplicação dos custos e que mais de um quarto cortou nos investimentos em sustentabilidade

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Os custos de entrega na última milha – o percurso final que leva um produto ao consumidor – estão a atingir níveis historicamente elevados e a pressionar, de forma significativa, os retalhistas de comércio eletrónico na Europa.

Esta é a principal conclusão do relatório publicado pela DS Smith “Last-Mile Delivery: the Future Unpacked”, que envolveu 550 decisores empresariais do sector do e-commerce em mercados europeus, incluindo o Reino Unido.

Segundo o estudo, 84% das empresas inquiridas já sentiu aumentos significativos nos custos da última milha nos últimos 12 meses, sendo que metade antecipa uma duplicação dos mesmos no próximo ano. Nalguns casos, o agravamento dos custos chegou aos 90%.

 

Pressão nas margens obriga a rever preços e condições

Face a este aumento, 35% dos retalhistas aumentou as taxas de entrega, enquanto outros 35% repercutiu os custos no preço final dos produtos. Ainda assim, 39% das empresas reporta uma quebra nas margens de lucro, um fenómeno agravado por devoluções frequentes e produtos danificados durante o transporte, sendo que 30% dessas devoluções é atribuído a embalagens inadequadas.

O estudo sublinha o desfasamento entre as expectativas dos consumidores e a resposta das marcas: 75% dos retalhistas afirma que os clientes valorizam embalagens sustentáveis, 71% refere a crescente procura por sistemas de rastreio e comunicação em tempo real e 69% destaca a importância de opções de entrega flexíveis. Apesar disso, apenas 39% das empresas acredita estar a satisfazer estas exigências e só 30% considera oferecer soluções verdadeiramente flexíveis de entrega.

 

Sustentabilidade e experiência do cliente em risco

A subida dos custos logísticos está também a afetar os compromissos ambientais. 27% dos retalhistas reduziu ou suspendeu investimentos em embalagens sustentáveis, 59% está a rever as suas políticas de devolução e 57% passou a exigir valores mínimos de compra para entrega gratuita, procurando proteger a rentabilidade.

O relatório destaca que, apesar da crescente consciência ecológica dos consumidores, a pressão financeira está a obrigar as marcas a fazer cedências, o que pode comprometer os avanços conquistados na sustentabilidade da cadeia de abastecimento.

 

Perfis de retalhistas: “inovadores” lideram a adaptação

O estudo identifica três perfis principais de retalhistas: “tradicionalistas” (menos propensos a rever processos e fornecedores), “pragmáticos” (fazem ajustes pontuais com base nos resultados) e “inovadores” (apostam ativamente em tecnologia e novos modelos operacionais).

Os “inovadores” destacam-se como os mais resilientes à crise da última milha: 65% revê fornecedores regularmente e 59% já recorreu a serviços externos para coordenar o embalamento, a produção e a logística, conseguindo maior eficiência operacional. “As empresas mais abertas à inovação estão mais bem posicionadas para enfrentar os desafios da última milha”, afirma Olivier Cottard, diretor global de e-commerce e indústrias da DS Smith.

O estudo sublinha o papel central da embalagem na mitigação dos custos logísticos: embalagens modulares, recicláveis e otimizadas para transporte podem reduzir o desperdício de espaço, minimizar danos e melhorar a eficiência da entrega. Para a DS Smith, a embalagem deve deixar de ser vista apenas como proteção e passar a ser uma ferramenta estratégica de diferenciação e rentabilidade.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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