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Apesar de um recuo de 0,8% nas vendas a retalho na União Europeia em maio face ao mês anterior, o sector manteve uma trajetória de crescimento em termos homólogos, com um aumento de 1,9% face a maio de 2024.
Os dados, divulgados pela Eurostat, mostram um comportamento semelhante na zona euro, que registou um decréscimo mensal de 0,7% e um crescimento anual de 1,8%.
A retração mensal afetou todos os segmentos do comércio a retalho. Na União Europeia, as vendas de alimentação, bebidas e tabaco caíram 0,8%, os produtos não alimentares recuaram 0,7% e os combustíveis registaram a maior quebra: 1,2%. Já na zona euro, os combustíveis lideraram as perdas com -1,3%.
Este abrandamento contrasta com a evolução positiva dos primeiros meses de 2025. Em abril, por exemplo, a União Europeia tinha crescido 0,8% e a zona euro 0,3%. Estes valores foram recentemente revistos em alta pela Eurostat.
Em termos anuais, o crescimento é mais expressivo nos combustíveis (3,3% na União Europeia e 2,8% na zona euro) e nos produtos não alimentares (2,8% e 2,4%, respetivamente). Já as vendas de produtos alimentares revelaram uma progressão muito modesta: 0,2% na União Europeia e 0,5% na zona euro.
Portugal destaca-se pela positiva
Portugal foi um dos países com melhor desempenho mensal, com um aumento de 2,1% nas vendas a retalho em maio face a abril. Também em termos homólogos, o país apresenta um crescimento, reforçando a tendência de recuperação do consumo interno.
Chipre (7,9%), Bulgária (7,2%) e Luxemburgo (6,3%) lideram o crescimento anual. No lado oposto, destacam-se Finlândia (-2,2%), Letónia (-1,9%) e Suécia (-1,8%).
Uma correção e não um ponto de viragem?
Segundo a Eurostat, a ligeira retração de maio poderá ser interpretada como uma correção pontual, e não como uma inversão de ciclo. A conjuntura macroeconómica — com inflação controlada e previsões de crescimento económico estável — deverá continuar a dar suporte ao consumo nos próximos meses.
Contudo, a fraca evolução da categoria alimentar sugere que os consumidores continuam a conter o gasto em bens essenciais, possivelmente refletindo mudanças de comportamento ou uma recuperação assimétrica do poder de compra.