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O retalho em Portugal entra em 2026 num contexto mais exigente que nunca. À pressão sobre as margens, ao aumento dos custos e à volatilidade do consumo junta-se um reforço do enquadramento regulatório, que obriga as empresas a fortalecer os seus sistemas de gestão, rastreabilidade e reporting. A tecnologia deixa de ser apenas uma ferramenta de otimização para se tornar um fator crítico de cumprimento legal e de sustentabilidade do negócio.
Segundo a RSM Business Solutions, empresa especializada no desenvolvimento e implementação de soluções na Cloud, em 2025, muitas empresas avançaram na digitalização, mas de forma fragmentada. Sistemas de vendas, logística, faturação e finanças continuam a operar em silos, o que limitou o impacto real na produtividade e aumentou o risco de erros num contexto normativo cada vez mais complexo.
“Em Portugal, 2026 será o ano em que a tecnologia será avaliada pela sua capacidade de garantir controlo, rastreabilidade e cumprimento”, afirma José Ribas, partner da RSM Business Solutions. E acrescenta: “Soluções isoladas já não são suficientes para responder às obrigações fiscais, financeiras e de reporting que entram em vigor”.
Diretiva CSRD
Entre as principais alterações que irão impactar o retalho português destacam-se a aplicação plena da Diretiva CSRD, que alarga de forma significativa as exigências de reporting em matéria de sustentabilidade e governo societário, o reforço dos mecanismos de controlo da faturação eletrónica e da fiscalidade digital, bem como uma maior supervisão sobre a gestão e qualidade dos dados empresariais.
Estas exigências afetam tanto os grandes grupos como, de forma progressiva, as médias empresas integradas em cadeias de fornecimento internacionais. A consequência direta é uma necessidade crescente de sistemas centralizados, auditáveis e com informação em tempo real.
“Muitas organizações não conseguiram concluir em 2025 a integração entre operações e finanças”, sublinha Isabel Silva, partner da RSM Business Solutions. “Isso gera ineficiências internas, mas também riscos legais. Em 2026, não dispor de uma visão única do negócio pode traduzir-se em sanções, atrasos no reporting ou perda de competitividade”.
ERP cloud ganham peso no cumprimento legal
Neste contexto, os ERP cloud consolidam-se como o eixo tecnológico do retalho. Plataformas como o Oracle NetSuite permitem integrar num único ambiente a gestão financeira, fiscal, de inventários e de vendas, facilitando tanto a automatização de processos como o cumprimento das exigências legais.
De acordo com a empresa tecnológica, o impacto é duplo: por um lado, ganhos significativos de produtividade, através da redução de tarefas manuais e de erros operacionais; por outro, uma maior capacidade de resposta a auditorias, alterações regulatórias ou exigências de transparência por parte de parceiros e entidades públicas. “O ERP deixou de ser apenas uma ferramenta de back-office”, explica José Ribas. “É o sistema que permite ao retalhista português operar com segurança jurídica, eficiência e visão estratégica num ambiente cada vez mais regulado”.
Apesar dos avanços registados, o setor continua a enfrentar desafios relevantes: resistência à mudança interna, escassez de talento especializado e dificuldades em medir o retorno do investimento tecnológico. Além disso, muitas empresas continuam a subestimar o impacto legal de não adaptar os seus sistemas atempadamente.
Para a RSM Business Solutions, 2026 marcará uma linha clara de separação. “As empresas que avançarem agora com a integração tecnológica estarão melhor preparadas para crescer. As que não o fizerem acabarão por dedicar cada vez mais recursos a corrigir erros e a cumprir obrigações à última hora”, conclui Isabel Silva.



