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A transição global para modelos de relatório fiscal em tempo real está a aumentar a perceção de risco e os custos de compliance para as empresas. De acordo com o relatório State of Tax Compliance 2025, da Sovos, 82% das organizações consideram estar atualmente mais expostas a riscos de compliance fiscal do que há cinco anos, enquanto 90% antecipam um aumento contínuo dos custos associados ao cumprimento das obrigações fiscais.
O estudo baseia-se na análise de 16 mil milhões de transações anuais de mais de 100 mil empresas em todo o mundo, bem como na monitorização de mais de 19 mil jurisdições fiscais. Segundo o relatório, os governos estão a abandonar os modelos declarativos tradicionais, optando por mecanismos de recolha contínua de dados em tempo real ou quase real, com impacto direto nos sistemas financeiros, contabilísticos e operacionais das organizações.
De acordo com os dados apurados, 95% das organizações consideram crítica a capacidade de garantir dados corretos em tempo real e 94% afirmam estar a investir em tecnologia para automatizar processos fiscais. O estudo refere ainda que 76% das empresas reportam já um retorno positivo do investimento em plataformas centralizadas de compliance.
“O relatório feito ‘a posteriori’ deixou de existir. Os governos estão cada vez mais integrados nos sistemas das empresas, das contas a receber e a pagar à logística e à contabilidade. Este novo nível de visibilidade muda a forma como as organizações devem encarar o compliance”, afirma Chris Lynch, Chief Marketing Officer da Sovos.
O relatório analisa ainda a complexidade fiscal por regiões, destacando os Estados Unidos como o sistema mais fragmentado, a crescente exigência em matéria de IVA na Europa e a obrigatoriedade de relatórios em tempo real na América Latina, onde o Brasil se distingue pela elevada complexidade e penalizações que podem chegar aos 225%.
Em relação à região Europa, Oriente Médio e África (EMEA) – onde está inserido Portugal – o relatório detalha os países que lideram na frequência de mudanças no IVA e quais as indústrias que enfrentam os maiores níveis de complexidade deste imposto. Além disso, são ainda identificados os quatro motivos mais comuns para a rejeição das faturas eletrónicas (exemplo: informações erradas, erros de formato e falha em reportar em tempo real) e as principais penalidades de IVA emitidas pelas autoridades fiscais da UE.
Num contexto de crescente digitalização e relatório fiscal contínuo, estas exigências assumem particular relevância para as empresas portuguesas integradas em cadeias de valor internacionais ou sujeitas a múltiplas obrigações fiscais, num quadro europeu marcado por exigências reforçadas de reporte digital, interoperabilidade de sistemas e controlo fiscal.




