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Num mercado laboral em rápida transformação, distinguir-se já não depende apenas de formação técnica ou experiência. As chamadas soft skills – competências comportamentais que fortalecem relações de trabalho, melhoram a colaboração e facilitam a adaptação – tornam-se cada vez mais decisivas para quem procura emprego ou quer evoluir na carreira.
A pressão da transição digital e verde na União Europeia, aliada ao impacto crescente da inteligência artificial generativa, está a elevar o valor destas competências. Estudos recentes indicam que trabalhadores capazes de demonstrar adaptabilidade, pensamento crítico ou inteligência emocional têm hoje mais hipóteses de progredir profissionalmente. E essa tendência só deverá acentuar-se à medida que ferramentas como o ChatGPT assumem tarefas antes exclusivamente humanas.
Para enfrentar 2026 preparado para novos desafios, especialistas, a pedido do EURES (EURopean Employment Services), identificam cinco áreas essenciais de desenvolvimento.
1 – Adaptabilidade: a competência-chave num mercado em mutação
A evolução constante do mercado de trabalho – impulsionada pela digitalização, sustentabilidade e novas tecnologias – exige profissionais flexíveis e capazes de aprender rápido.
A capacidade de atualizar competências, assumir funções emergentes ou incorporar novas ferramentas tecnológicas é hoje vista pelos recrutadores como um indicador de resiliência e visão de futuro.
Mostrar, no CV ou numa entrevista, que domina tecnologias relevantes do seu sector, que geriu projetos complexos ou que se reinventou ao longo da carreira pode fazer toda a diferença.
2 – Inteligência emocional: gerir pessoas, emoções e pressão
Gerir emoções – próprias e alheias – é cada vez mais essencial em ambientes de trabalho intensos e altamente colaborativos.
A inteligência emocional assenta em cinco pilares: autoconsciência, autorregulação, motivação, empatia e competências sociais. Quem os desenvolve consegue trabalhar melhor em equipa, resolver conflitos com eficácia e criar relações profissionais sólidas.
Este tipo de competências pode ser fortalecido através da reflexão sobre pontos fortes e fracos, da escuta ativa e de uma comunicação mais empática.
3 – Pensamento crítico: a competência dos profissionais que fazem acontecer
O pensamento crítico mantém-se entre as competências mais valorizadas pelos recrutadores. É ele que permite analisar informação, questionar premissas, ponderar consequências e tomar decisões fundamentadas.
Embora nem sempre seja inato, pode ser desenvolvido: ler contextos de forma mais sistemática, considerar diferentes perspetivas e aprender com erros são passos fundamentais.
Nas candidaturas, é útil explicar como aplicou esta capacidade em projetos concretos, mostrando impacto e resultados.
4 – Fluência digital: ir além do domínio das ferramentas
Não basta saber usar um software: é preciso compreender como diferentes sistemas digitais se articulam para gerar eficiência e inovação. A chamada fluência digital permite acelerar processos, apoiar a estratégia das empresas e responder às exigências da transição digital que a UE tem vindo a reforçar.
Programas como o Digital Europe, que já investiu mais de 294 milhões de euros em qualificação e requalificação digital, e plataformas como a Digital Skills & Jobs Platform mostram a escala da procura por profissionais preparados para este novo contexto.
5 – Ética na era da IA: o fator humano que a tecnologia não substitui
A expansão da inteligência artificial promete automatizar processos e agilizar tarefas, mas não elimina a necessidade de discernimento humano.
Saber avaliar implicações éticas – desde o uso de dados à tomada de decisão automatizada – será uma competência crítica para quem trabalha com IA.
Organizações internacionais como a UNESCO têm alertado para os riscos éticos associados à tecnologia e disponibilizam ferramentas, através do Global AI Ethics and Governance Observatory, para apoiar empresas e profissionais nesta avaliação.
Um mercado que valoriza pessoas completas, não apenas competências técnicas
À medida que o trabalho evolui, também muda a perceção do que significa ser um bom profissional. A técnica continua importante, mas já não chega. Em 2026, quem demonstrar flexibilidade, pensamento crítico, empatia, capacidade digital e responsabilidade ética terá vantagem clara sobre outros candidatos.
Para quem procura um novo desafio, a mensagem é simples: investir em soft skills é investir no futuro.
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