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A cadeia de valor do leite na Península Ibérica prepara-se para uma das suas transformações mais significativas da última década: a criação da CoRural – Corporativa Rural Láctea, a nova empresa resultante da aliança estratégica entre a Leche Celta (participada da portuguesa Lactogal) e o grupo lácteo galego CLUN. O acordo une duas realidades complementares – uma forte base cooperativa e a capacidade industrial e comercial de um grande operador – com o propósito de reforçar a sustentabilidade do sector, garantir estabilidade aos produtores e responder de forma mais eficiente às exigências do mercado.
Operador com escala europeia
A CoRural nasce com números que a posicionam como um dos maiores grupos lácteos do sul da Europa. Nomeadamente, 1.400 produtores de leite integrados; 800 trabalhadores; oito unidades industriais; 600 milhões de euros de volume de negócios anual estimado.
A nova empresa reúne marcas bem implantadas no mercado ibérico – Celta, Feiraco, Clesa, Únicla e La Vaquera – e pretende reforçar a capacidade de recolha, transformação, diversificação de produtos e resposta industrial. O objetivo passa por garantir o abastecimento de um alimento essencial, num contexto marcado por volatilidade de preços, pressão sobre custos de produção e crescente exigência da distribuição e dos consumidores.
Produtor no centro da estratégia
O modelo de negócio da CoRural assenta numa lógica clara: colocar o produtor no centro. A CLUN – cooperativa com forte presença no tecido rural galego – aporta a ligação ao território e à base produtiva. A Leche Celta – participada da Lactogal – assegura a robustez industrial, a modernização tecnológica e a solidez comercial. A convivência destes dois pilares pretende criar um ecossistema mais eficiente e competitivo, capaz de estabilizar rendimentos, melhorar margens e preparar o sector para ciclos de mercado cada vez mais exigentes.
Segundo a Lactogal, esta operação reforça o seu papel como “empresa líder no desenvolvimento sustentável do sector do leite na Península Ibérica”. José Marques, presidente do Conselho de Administração, destaca que a prioridade é “melhorar a competitividade e a rentabilidade das unidades de produção, fortalecer a cadeia de valor e contribuir para o desenvolvimento económico e social do sector”.
A presidência da CoRural ficará nas mãos de José Ángel Blanco, atual presidente da CLUN. A gestão executiva será partilhada entre Javier Bretón, diretor-geral da Leche Celta e Juan Gallástegui, diretor-geral da CLUN.
A sede social está prevista para Santiago de Compostela, reforçando a centralidade da Galiza como uma das regiões mais relevantes da produção de leite na Europa.
Resposta ao desafio histórico do sector
A criação de um grande grupo lácteo galego – com escala, músculo financeiro e capacidade de competir em múltiplas categorias – era um desejo antigo do sector. Para Juan Gallástegui, esta é “a grande oportunidade que o campo galego estava à espera: dispor de uma indústria moderna, forte e de referência”. Já Javier Bretón sublinha que a união permite “ganhar volume, otimizar processos, diversificar produtos e enfrentar com mais resiliência as mudanças de ciclo no sector”.
Aprovação regulatória em curso
A operação está ainda sujeita à aprovação da autoridade da concorrência, etapa determinante para a formalização definitiva da nova entidade. Contudo, a ambição é clara: criar um operador capaz de dar resposta às necessidades atuais e futuras de um dos sectores mais estratégicos da economia rural ibérica.
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