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O EU Ecolabel, o rótulo oficial da União Europeia para produtos e serviços com elevado desempenho ambiental, está a ganhar terreno nas compras públicas em toda a Europa. Com cerca de 110 mil produtos certificados, o selo tornou-se uma referência de confiança para instituições que procuram soluções sustentáveis sem complicações adicionais.
Durante uma transmissão em direto organizada pela Comissão Europeia a 10 de outubro, moderada por Anna Norberg (Ecolabelling Sweden) e com a colaboração da European Environmental Bureau (EEB) e da ADEME, vários especialistas destacaram as vantagens do EU Ecolabel como ferramenta prática para integrar critérios ecológicos nas decisões de compra.
“Quem adquire produtos com o EU Ecolabel pode ter a certeza de que está a comprar as opções mais sustentáveis do mercado”, afirmou Pierre Henry, chefe adjunto da Unidade de Produtos Sustentáveis da Comissão Europeia.
O EU Ecolabel foi descrito como um “atalho fiável” para a sustentabilidade, que reduz a complexidade dos processos de compra e garante que os fundos públicos são aplicados em produtos verdadeiramente ecológicos. De acordo com Dominique Sandy, da organização ICLEI – Local Governments for Sustainability, o rótulo “poupa tempo, simplifica decisões e assegura impacto ambiental real”.
A expansão do mercado também é notória: somando os rótulos nacionais de tipo I (conforme a norma ISO 14024), já existem mais de 220 mil produtos certificados disponíveis na Europa. Segundo Anna Linusson, diretora executiva da Ecolabelling Sweden, “os exemplos concretos demonstram como a escolha de produtos mais sustentáveis pode gerar uma diferença mensurável para o ambiente e o clima”.
Custos e regulamentação: mitos e avanços
Apesar da perceção de que os produtos ecológicos são mais caros, estudos da ADEME e da BEUC mostram que os artigos com o EU Ecolabel têm preços semelhantes, ou até inferiores, aos equivalentes convencionais.
Paralelamente, o tema ganha relevância num contexto de revisão das diretivas europeias sobre contratação pública, como explicou Marta Toporek, da Comissão Europeia. Alguns países, como Itália, já tornaram obrigatória a inclusão de critérios de sustentabilidade em várias categorias de compra pública, permitindo o uso exclusivo de rótulos de tipo I como prova de conformidade.
O EU Ecolabel não é apenas uma ferramenta de conformidade – é também um motor de inovação empresarial. Park Bao, especialista da empresa Diversey, revelou que o selo funciona como referência de sustentabilidade para o desenvolvimento de novos produtos. Atualmente, entre 75% e 100% das soluções de limpeza vendidas a clientes focados em sustentabilidade possuem o EU Ecolabel.
De forma semelhante, Thomas Gillesberger, da austríaca Format Werk, afirmou que o rótulo “representa uma vantagem competitiva no mercado europeu”, fortalecendo o posicionamento das empresas e abrindo portas em concursos públicos.
Compras públicas como motor de mudança
Para Pierre Henry, a integração do EU Ecolabel nas práticas de contratação pública é “uma ponte entre a gestão de compras e a agenda de sustentabilidade da UE”. O rótulo apoia políticas estruturantes como o Ato da Economia Circular e o Clean Industrial Deal, alinhando-se também com iniciativas como o Empowering Consumers for the Green Transition.
Cidades como Copenhaga já estão a aplicar esta visão. Ida Ginsborg, representante da autarquia, apelou aos colegas europeus para promoverem o diálogo com os responsáveis pelas compras públicas e reforçarem a sensibilização sobre as vantagens do EU Ecolabel.
Como destacou Paula Pérez-López, do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia (JRC), existem guias práticos que facilitam a inclusão dos critérios do EU Ecolabel nos concursos públicos, permitindo que os compradores “usem as orientações como fonte de inspiração para redigir cadernos de encargos”.
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