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A Michael Page divulgou o seu mais recente estudo sobre as tendências do mercado de trabalho português para 2026, com foco nos quadros médios e superiores das grandes empresas. O relatório revela um sector do Retalho em plena transformação, onde a competitividade, a digitalização e as mudanças no comportamento do consumidor estão a redefinir o perfil das equipas e das lideranças.
Num contexto global de incerteza geopolítica, volatilidade económica e aceleração tecnológica, o mercado nacional mantém-se dinâmico, mas exigente. A procura por talento qualificado continua a superar a oferta, sobretudo em áreas estratégicas, e as empresas enfrentam o desafio de adaptar-se a novas formas de trabalho e gestão.
“Num contexto laboral marcado pela instabilidade, os profissionais valorizam hoje mais do que nunca a flexibilidade, as oportunidades de desenvolvimento e uma cultura organizacional com propósito”, sublinha Álvaro Fernández, diretor-geral da Michael Page. “Do lado das empresas, a atração e retenção de talento impõem políticas mais inovadoras e transparentes, alinhadas com as expetativas de uma geração que procura equilíbrio e realização pessoal”.
O estudo aponta que a evolução regulatória, a transparência salarial e a crescente influência da inteligência artificial estão a transformar práticas de trabalho e processos de decisão. No Retalho, o impacto destas tendências é particularmente visível na gestão de equipas e na forma como as marcas interagem com o consumidor.
Gestão e operações sob pressão
Após um 2024 instável, 2025 revelou um ano de consolidação para o sector, com marcas a reforçarem a aposta no mercado nacional, apesar da concorrência global e da pressão sobre margens. A expansão do comércio online e a exigência de uma experiência de cliente integrada — do produto ao serviço — obrigam as empresas a investir em talento estratégico e equipas mais qualificadas.
O estudo da Michael Page identifica dois perfis dominantes nas operações: profissionais altamente comprometidos e vocacionados para o sector, e outros que encaram o retalho como uma solução temporária. Esta dualidade contribui para uma elevada rotatividade, que continua a ser um dos principais desafios das empresas.
“A base operacional é a espinha dorsal do retalho. Sem equipas motivadas e qualificadas, a inovação e a estratégia não se concretizam”, destaca o relatório.
Apesar dos ajustes salariais registados, a retenção de talento depende cada vez mais da capacidade das empresas em equilibrar exigência, perfil e qualidade de vida. O estudo revela que cerca de metade dos profissionais do sector tem como prioridade o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal — um desafio num contexto de horários prolongados e trabalho ao fim de semana.
Tendências salariais e funções mais procuradas
Em termos de remuneração, o estudo indica que, nas funções de Compras, um Retail Manager pode auferir entre 56 e 84 mil euros anuais. No retalho alimentar e especializado de grande dimensão, o cargo de Diretor Comercial de Retalho pode atingir os 105 mil euros. Já no sector da restauração, um Diretor de Operações pode ganhar até 84 mil euros, enquanto no retalho de luxo um Store Manager em Lisboa pode alcançar os 80 mil euros anuais.
Perspetivas para 2026
O próximo ano deverá consolidar-se como um período de adaptação e redefinição de prioridades. As empresas que conseguirem alinhar talento, tecnologia e experiência do cliente estarão mais bem posicionadas para enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e digital.
Como conclui o estudo da Michael Page, “2026 será o ano em que o retalho se reinventará através das pessoas — com o talento, a inovação e a experiência humana a assumirem o centro da estratégia das empresas”.
Nota: Valores de faturação e/ou crescimento correspondentes a 2025 ao período compreendido entre janeiro e outubro, na área da Grande Lisboa e Grande Porto. O estudo de remuneração foi realizado graças ao conhecimento do mercado e à constante relação com clientes e candidatos. A informação contida neste estudo é o resultado de uma análise empírica de três fontes de informação diferentes: base de dados, perfis de candidatos e clientes e publicação de anúncios na imprensa e na internet, sobre 16 sectores.
O estudo reflete as tendências do mercado de trabalho de quadros médios e superiores em grandes empresas e não a média geral do mercado português.
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