Pedro Brinca APED Retail Summit
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Retalho é segundo maior sector da economia nacional e líder na criação de emprego

Estudo da NOVA SBE apresentado no APED Retail Summit destaca peso e dinamismo do sector

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O sector do retalho assume-se como uma das principais forças económicas em Portugal, sendo o segundo maior sector nacional em volume de negócios, produção, valor acrescentado bruto (VAB) e emprego. No entanto, quando se analisa o peso das remunerações pagas, o retalho lidera, sendo o primeiro sector da economia portuguesa em massa salarial.

Os dados constam do estudo “Impacto Económico do Sector do Retalho em Portugal”, desenvolvido por Pedro Brinca, professor da NOVA SBE, e apresentado hoje durante o APED Retail Summit, que decorre no SUD Lisboa.

“Com um impacto direto relevante, o retalho é fundamental para o dinamismo da economia portuguesa”, refere Pedro Brinca. “É um sector que não só emprega centenas de milhares de pessoas, como também gera riqueza de forma consistente e distribuída pelo território”.

 

70 mil milhões de euros de volume de negócios e 476 mil empregos diretos

Em 2023, o sector gerou 70 mil milhões de euros em volume de negócios, o equivalente a 12,7% da faturação nacional excluindo a administração pública. Retirando as mercadorias não transformadas, a produção direta, foi de 20,1 mil milhões de euros, o que corresponde a 5,3% da produção nacional, e o VAB ascendeu a 11,3 mil milhões de euros, cerca de 7,7% do total nacional.

No plano do emprego, o sector mantém uma posição de destaque: um em cada dez trabalhadores em Portugal está diretamente ligado ao retalho, num total de 476.896 colaboradores. Já a massa salarial atingiu os 6,1 mil milhões de euros, ou seja, 9,2% da remuneração total paga em Portugal. Este impacto é ainda mais significativo considerando a sua distribuição geográfica uniforme, contribuindo para a coesão territorial e para o equilíbrio entre regiões.

O estudo destaca ainda o papel do retalho como motor do crescimento económico. Entre 2012 e 2022, o PIB nacional cresceu, em média, 1,5% ao ano, mas se o sector do retalho fosse retirado da equação, os números seriam bastante distintos. “Sem o contributo do retalho, o PIB em 2022 teria sido 9,5% inferior ao de 2012. Este sector foi decisivo para o crescimento económico da última década”, sublinha Pedro Brinca.

 

Associados da APED representam mais de 40% da faturação do retalho

O estudo apresentado no APED Retail Summit evidencia, ainda, o peso dos associados da APED no panorama nacional do retalho. Em 2023, estas empresas geraram um volume de negócios de 31 mil milhões de euros, o que representa 44,3% da faturação do sector.

“A representatividade dos associados da APED é impressionante. Quase metade da produção, emprego, valor acrescentado e massa salarial do retalho está concentrada nestas empresas”, destaca Pedro Brinca.

A produção das empresas associadas da APED ascendeu a 8,9 mil milhões de euros, o que corresponde também a 44,3% da produção total do sector. O VAB gerado foi de 4,2 mil milhões de euros, ou seja, 31,2% do total do retalho, e as remunerações pagas ultrapassaram os 2,3 mil milhões de euros (37,1% do total).

No que respeita ao emprego, os associados da APED empregavam em 2023 um total de 148.727 trabalhadores, o que corresponde a 38,2% do total de postos de trabalho do retalho.

 

Impacto total de 62 mil milhões de euros e 1,2 milhões de empregos

Ao incluir os efeitos diretos, indiretos (ligados aos fornecedores e clientes) e induzidos (resultantes do consumo dos trabalhadores), o impacto total do sector do retalho na economia portuguesa, em 2023, ascendeu a 62,4 mil milhões de euros em produção, 35,3 mil milhões de euros em VAB e 1,2 milhões de empregos equivalentes a tempo completo.

“Por cada milhão de euros gerado diretamente pelo retalho, a economia portuguesa ganha mais dois milhões de euros adicionais noutros sectores. Este é um efeito de arrasto muito expressivo”, salienta Pedro Brinca.

Este impacto total traduz-se ainda em 18,3 mil milhões de euros em remunerações e mais de seis mil milhões de euros em receita fiscal (IRS e IVA). De acordo com o estudo, e contabilizando todos os efeitos, o sector do retalho representa 12% da produção nacional, 15,2% do PIB, 14,5% das remunerações, 14,6% da receita fiscal e 23,7% do emprego total nacional.

 

Inovação, fiscalidade e regulamentação: os desafios

Apesar do impacto positivo e da força do retalho como motor económico, o sector não ignora os riscos e limitações que o afetam. Um dos maiores desafios identificados é a regulamentação excessiva, especialmente quando comparada com outros blocos económicos. “A Europa está a divergir dos Estados Unidos em termos de crescimento e produtividade e isso deve-se, em grande parte, à regulamentação”, defende Pedro Brinca.

Também a incerteza e a aplicação de tarifas são apontadas como fatores de risco, não tanto pelo seu impacto direto, mas pelo efeito negativo na confiança dos consumidores e na capacidade de investimento das empresas.

No plano interno, o tema dos salários é abordado com franqueza. O autor reconhece que o sector do retalho emprega muitos trabalhadores pouco qualificados, o que se traduz em salários médios mais baixos, mas aponta a carga fiscal como uma das razões estruturais para essa realidade. “Há uma diferença entre a incidência legal e a incidência económica dos impostos, que afeta os empresários, mas também os trabalhadores. É um obstáculo real à valorização salarial”, sublinha o professor da NOVA SBE.

Para ultrapassar estes desafios, Pedro Brinca defende uma aposta clara na inovação e na eficiência operacional. Eliminar tarefas rotineiras, automatizar processos e qualificar os recursos humanos são, na sua ótica, condições essenciais para aumentar o valor acrescentado por hora trabalhada e, consequentemente, melhorar os salários no sector. “Só se pode distribuir o que se gera. Se queremos melhores salários, temos de gerar mais valor. E isso faz-se com inovação, produtividade e modernização do sector”, conclui.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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