O Évora Olive Hotel acolheu a conferência “Olivoturismo: O Regresso às Origens”, um evento que reuniu importantes players do sector do azeite e do turismo para discutir as oportunidades do olivoturismo como um motor de desenvolvimento regional e promoção do azeite português.
O evento foi marcado por insights e dados relevantes que sublinham a importância deste segmento. Rui Torrão, Administrador do Grupo Art and Soul, destacou o valor do olivoturismo como ferramenta de preservação do azeite e das comunidades locais, questionando: “Como pode o turismo ajudar a aumentar a literacia sobre o azeite e fomentar o seu consumo?”.
Já José Manuel Santos, presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, sublinhou a necessidade de modernizar a hotelaria de Évora, ligada às novas tendências de consumo. Apostar no olivoturismo como um produto premium é visto como uma forma de diferenciar o destino. Anunciou ainda planos para a realização de um grande evento de olivoturismo para 2025.
Azeite do Alentejo
No painel “O Azeite do Alentejo: o Estado da Nação”, foram ainda apresentados dados que reforçam a posição do Alentejo como líder na produção de azeite.
80% a 90% da produção nacional de azeite é oriunda do Alentejo, segundo Mariana Matos, Secretária-geral da Casa do Azeite.
A produção deste ano está projetada para atingir as 190 mil toneladas, um aumento significativo em relação a anos anteriores, graças a novos investimentos e ao fornecimento de água pela barragem do Alqueva.
A nível de exportação, 40% do azeite é destinado à Europa, nomeadamente mercados como Hungria, Polónia, Bélgica e Suíça, enquanto 60% é consumido internamente, como destacou o olivicultor Nuno Paixão.
Além disso, Francisco Dias, coordenador do projeto Olive4all, revelou dados sobre o perfil do olivoturista, baseado em estudos do projeto:
- 94% dos turistas nunca tinham tido uma experiência de olivoturismo antes.
- O olivoturista é, em média, de idade madura, com bom poder de compra, urbano e com um nível cultural elevado.
- Os turistas demonstraram grande interesse por atividades como degustações de azeite e visitas a olivais milenares.
Literacia sobre o azeite
No painel “Literacia em Azeite: Mito ou Convicção de uma Mentira?”, foi discutida a necessidade de maior literacia sobre o azeite em Portugal. Edgardo Pacheco, jornalista e criador de projetos ligados à gastronomia, criticou a falta de educação sobre azeite nas escolas de hotelaria, enfatizando que o país continua a vender azeite a granel, sem uma estratégia clara de criação de marca.
Ana Carrilho, diretora da Unidade de Negócio de Azeites do Esporão, destacou que o público, mesmo com acesso ao azeite em casa, tem pouca consciência sobre a qualidade do produto. Sublinhou a importância de introduzir cadeiras sobre azeite nas escolas de hotelaria e de criar um curso de sommelier de azeite.
Mariana Carmona e Costa, Diretora Agrícola & Azeite, Pousio, refere ainda que países como a Itália compram azeite português e o revendem a preços superiores.
Turismo
Finalmente, o painel “O Olivoturismo é uma realidade?” trouxe exemplos de experiências turísticas já em curso. Henrique Herculano, Olive Oil Executive Director, Casa Relvas, mencionou que o Lagar da Casa Relvas já atrai turistas nacionais e estrangeiros, com uma aposta crescente no olivoturismo.
Marta Jordão, Olivicultora e Produtora de Azeite, Monte de Portugal, destacou que, desde 2010, a sua unidade de turismo “força” os visitantes a participar numa prova técnica de azeite, o que gerou grande curiosidade entre os hóspedes, especialmente portugueses.
A conferência terminou com a reafirmação do compromisso de fazer do olivoturismo uma peça-chave na oferta turística do Alentejo, com grande potencial para valorizar o azeite português e apoiar as comunidades locais.