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O Doutor Finanças apresenta os resultados do primeiro Barómetro Hábitos Financeiros dos Portugueses, desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa. O objetivo do documento é o de avaliar o grau de literacia e os comportamentos financeiros da população em Portugal, permitindo de monitorizar tendências e apoiar estratégias de educação financeira.
Os dados revelam que quase metade dos inquiridos (45%) não poupa de forma regular. E entre os que poupam, perto de metade poupa entre 5% e 20%. Só 32% afirma reservar parte do rendimento logo no início do mês. Já 21% admite não ter qualquer hábito de poupança, sendo esta falta de regularidade mais comum entre as faixas etárias mais velhas.
Outro dado prende-se com a forma como as famílias abordam o dinheiro. O estudo aponta que mais de um terço (35%) fala muito esporadicamente ou nunca sobre dinheiro em família — sendo esta realidade mais comum nos agregados familiares com idade mais avançada. Apesar de a maioria dos inquiridos dizer que gere as suas próprias contas bancárias, mais de metade dos casais (57%) tem conta própria e apenas 54% tem conta conjunta, o que significa que há casais com várias contas bancárias.
Segurança: o critério principal na escolha do produto financeiro
No que diz respeito à poupança e ao investimento, o estudo mostra que os depósitos a prazo continuam a ser a principal forma de aplicar dinheiro (29%), seguida pelos certificados de aforro (15%). Apenas 4% recorre a ativos digitais como forma de investimento. A banca tradicional continua a dominar: 58% dos investidores utiliza-a, 48% de forma exclusiva. As mulheres tendem a optar mais por este canal do que os homens. A segurança é o critério mais valorizado na escolha de um produto financeiro (42%), seguida pela rentabilidade esperada (22%).
No universo dos inquiridos, 27% possui crédito habitação e pouco mais de metade (53%) indica que paga sempre os seus créditos. Destaca-se ainda uma elevada taxa de não resposta a esta questão (42%) que é transversal a todos os níveis de rendimento.
Falta de literacia financeira
A literacia foi outro dos temas analisados, mais precisamente a literacia e autonomia financeira dos filhos. A maioria dos pais afirma dar dinheiro aos filhos quando estes precisam, mas poucos envolvem os menores na gestão do seu próprio dinheiro: entre os maiores de 10 anos, cerca de 60% limita-se a dar dinheiro apenas quando solicitado, apenas 30% a 40% dos jovens a partir dos 10 anos recebe semanada ou mesada. A principal forma dos mais novos guardarem ou gerirem o dinheiro é o tradicional “mealheiro” (51%), seguido das contas de depósito a prazo (39%). Apenas 3% recorre a produtos financeiros mais estruturados.
“Os resultados deste barómetro mostram que os desafios financeiros que os portugueses enfrentam são estruturais e não meramente conjunturais. A ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias. Este estudo permite-nos compreender onde estão os bloqueios e onde devemos atuar” afirma Sérgio Cardoso, chief education officer do Doutor Finanças.