Em 2021, 16% das empresas portuguesas sofreu incumprimentos significativos, apesar das injeções de liquidez e dos estímulos fiscais recebidos para atenuar os efeitos económicos da Covid-19.
De facto, 42% das empresas deteta uma deterioração nos níveis de solvência dos seus clientes causada pela pandemia, que gerou um agravamento do risco de crédito associado à sua carteira. Estes são alguns dos dados mais relevantes evidenciados pelo inquérito de outono do “Estudo de Gestão de Risco de Crédito em Portugal”, impulsionado pela Crédito y Caución e pela Iberinform.
A partir de março de 2020, adotaram-se medidas extraordinárias para dotar de liquidez adicional um tecido produtivo que se viu obrigado a reduzir, de forma drástica, os seus níveis de faturação. A deterioração atual dos níveis de solvência resulta da combinação de vários fatores. Por um lado, as empresas fizeram uso das facilidades de liquidez e estão agora mais endividadas do que antes da pandemia, o que agravou os seus custos financeiros. Por outro lado, muitas empresas ainda estão longe de recuperar os níveis de faturação anteriores à pandemia.
Por último, há um aumento dos custos de operação, derivado das matérias-primas, da energia e do desajustamento logístico das cadeias de fornecimento, que não pode se facilmente transferido para as margens.
Todos estes condicionantes pressionam os níveis de solvência e de liquidez. De facto, 41% do tecido empresarial prevê que o nível de incumprimento dos seus clientes aumente nos próximos meses.
61% espera melhorar resultados
Embora não se preveja que as empresas portuguesas alcancem os seus níveis de faturação pré-pandemia antes de 2022, três em cada cinco empresas, cerca de 61%, espera melhorar os seus resultados no comparativo com 2020.
As previsões sobre o impacto desta maior atividade económica na rendibilidade das empresas não mostram a mesma intensidade. Apesar do incremento dos níveis de faturação, apenas 52% das empresas espera aumentos nos lucros e uns significativos 22% espera mesmo um agravamento face a 2020. Este efeito explica-se, em boa medida, pelo aumento dos custos de operação e pelo incremento dos custos financeiros pela deterioração da solvência empresarial.