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Um novo paradigma da alimentação

too good to go

Hoje, celebramos 50 anos do Dia da Terra. Em 1970, este dia foi celebrado pela primeira vez, com o propósito de criar uma consciência comum dos recursos naturais do planeta, da educação ambiental e da nossa participação como cidadãos ambientalmente conscientes e responsáveis.

E hoje, mais do que nunca, neste tempo sem precedentes em que muito se fala sobre a “recuperação” do planeta, não podemos deixar que se caminhe para o paradoxo da sustentabilidade ambiental. Que este seja um tópico ofuscado por outras questões emergentes desta pandemia, igualmente importantes e urgentes, como a segurança e a saúde pública. Até porque existe uma correlação imediata e óbvia entre ambas as prioridades – um planeta saudável é também o reflexo de uma sociedade sã e segura – e essa foi uma das maiores aprendizagens da circunstância da nossa atual realidade.

criar uma consciência comum dos recursos naturais do planeta
Madalena Rugeroni, Country Manager Too Good To Go Portugal

E é sobre esse facto que a Too Good To Go se propõe a refletir, nesta realidade que era aparentemente impossível, mas que provou já ter dado origem a alterações na sociedade e no planeta que só seriam previstas (em cenários muito otimistas) num período de tempo muito mais longo. A atual pandemia abalou o mundo e estamos a testemunhar mudanças sísmicas, e a indústria alimentar e a forma como nós, consumidores, vemos os alimentos é uma das alterações mais marcantes. Apesar de sermos uma nação valente e apaixonada por comida, o respeito por essa mesma comida perdeu-se de forma generalizada, um pouco por todos os cantos do mundo, não sendo Portugal uma exceção. E isto deve-se, muito possivelmente, ao simples facto de termos vivido numa época, e principalmente numa fatia dos afortunados, em que a comida sempre esteve disponível. Acostumámo-nos a prateleiras cheias e a ter acesso abundante a alimentos quando e onde quisermos. Somos os sortudos deste mundo civilizado, compradores de conveniência, sempre capazes de abastecer os nossos frigoríficos sem realmente pensar no que já temos em casa.

De certa forma, e para a grande generalidade dos consumidores, o laço emocional à comida, que nos permite, a todos, reconhecer-lhe o seu valor individual e coletivo, perdeu-se. Não sabemos que recursos são necessários para produzir alimentos, de onde vêm ou quem, na realidade, os produziu para nosso proveito. Compramos abacates do México e mirtilos da Nova Zelândia e achamos necessário ter acesso a morangos a meio de dezembro. Em suma, e em parte por causa da sua abundância, os alimentos tornam-se numa mercadoria à qual não lhe é dado o devido valor nem respeito. E vivemos agora num cenário em que, muito provavelmente, o volume de desperdício de alimentos em casa poderá ter aumentado. Seja por falta de consciência ou, pura e simplesmente, por falta de conhecimento necessário para se distinguir inclusive se um alimento está ou não ainda próprio para consumo, ou até porque não sabemos como o aproveitar no seu todo.

Mas porque o impossível aconteceu, e por conseguirmos reconhecer todas estas limitações, a nossa relação e respeito pela comida mudou. A partilha e a entreajuda crescem e dicas de como aproveitar os alimentos, de receitas ricas em nutrientes e munidas de uma criatividade de reaproveitamento inteligente e astuta – das mais complexas e elaboradas às mais simples e de fácil aplicação a qualquer lar – estão um pouco por todo lado. É agora crucial que nos lembremos que estas mudanças não podem ser apenas o reflexo de um condicionamento, mas sim uma aprendizagem que dele adveio, uma nova forma de estar, de comprar, de preservar, de cuidar, de trabalhar, de retribuir, de aprender – de nos alimentarmos e de respeitarmos a terra, e todos aqueles que a trabalham e todos os outros que dela dependem – todos nós.

Nas últimas semanas, e movidos por esta oportunidade de mudança e pelo aumento generalizado de solidariedade, nós na Too Good To Go, e na qualidade de empresa de impacto social e player de relevo no combate ao desperdício alimentar e redução de emissões de CO2 que dele advêm, participámos em discussões ao lado de ONGs e empresas que compõem a Green Recovery Alliance, uma aliança lançada no Parlamento Europeu com o apoio de 12 ministros do meio ambiente da União Europeia, que assinaram um apelo por uma recuperação verde desta pandemia. Um projeto que visa apoiar planos de recuperação, que coloca a luta contra as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade no centro da política económica europeia. Cabe-nos, a todos nós, percebermos o nosso impacto e trabalharmos na construção deste novo mundo.

Esta pandemia antecipa mudanças, que estavam inclusive em agenda, como a educação à distância, o trabalho remoto, a procura pela sustentabilidade, e a consciência individual e coletiva, de que todos temos de ser e agir com uma maior responsabilidade no impacto ambiental e social. É importante mantermos viva a memória de um tempo em que aprendemos a importância de conceitos e valores como solidariedade e empatia, para com o próximo e para com o planeta e os seus recursos. Princípios básicos que nos podem levar a um novo e mais consciente modelo de consumo alimentar.

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