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Região Demarcada da Bairrada celebra 40.º aniversário

Fotos Ricardo Almeida

“A região da Bairrada é de longa data conhecida como produtora de vinhos de qualidade.” É esta a frase que se pode ler no primeiro parágrafo da Portaria n.º 709-A/79A, que a 28 de dezembro de 1979 cria a Região Demarcada da Bairrada.

Celebram-se, assim, 40 anos de uma efeméride que a Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) decidiu assinalar dia 14 de janeiro. A data não foi escolhida ao acaso: para além de assim poder contar com a presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, aconteceu precisamente quatro meses depois da apresentação de uma nova identificação visual, materializada numa marca coletiva e identitária da região. “Mais do que preocupações, ouvi projetos e projetos muito interessantes, nomeadamente aquele que passa pela criação do Centro de Investigação do Espumante, com o objetivo de trabalhar a produção, mas também criar melhores condições para aumentar o seu consumo interno e colocá-lo de forma mais competitiva no mercado externo”, afirmou a ministra da Agricultura. “Este projeto vem completamente ao encontro da estratégia do Governo e que passa pela criação, a nível nacional, de um conjunto de centros de investigação e de estações experimentais, revitalizando equipamentos existentes, envolvendo o Ministério da Agricultura em parceria com os atores do território, como as câmaras municipais, as comunidades intermunicipais, mas também instituições de ciência e tecnologia. É uma forma de criarmos condições para promover a agricultura, os seus produtos e aumentar a sua quota na economia nacional. Em breve, vamos apresentar a nossa agenda para a inovação, onde esta vertente vai estar disponível e entrar em discussão pública”.

De acordo com os dados disponíveis inerentes à época em que foi criada, o total de hectares de vinha correspondia a 12 mil e a produção vínica provinha das adegas cooperativas de Águeda, Cantanhede, Mealhada, Mogofores, Souselas e Vilarinho do Bairro. Grande parte da atividade económica era garantida pelas caves vitivinícolas e a maioria do produto comercializado era feito a partir de lotes de vinho adquiridos a baixo custo a produtores de outras regiões do país. Depois de engarrafado, era vendido, sobretudo, para o mercado externo, nomeadamente para as ex-colónias portuguesas, particularmente, o Brasil. A proximidade dos portos da Figueira da Foz, de Aveiro e de Leixões era decisiva para o negócio. O número de produtores engarrafadores era muito residual.

Atualmente, a Região Demarcada da Bairrada, que se situa entre os rios Vouga (a norte) e Mondego (a sul) e as Serras do Buçaco (a oeste) e do Caramulo (a este), é constituída por oito concelhos – Águeda, Anadia, Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Mealhada, Oliveira do Bairro e Vagos – e contabiliza cerca de 2.400 produtores de vinhos, que exploram quase mais de seis mil hectares de vinha. “Perdemos muita área de vinha, que estamos a começar a recuperar, assim como uma imagem positiva da região”, esclarece Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada.

Há cerca de 110 produtores inscritos na comissão, dos quais 84 colocam no mercado vinho com o selo de Denominação de Origem (DO) Bairrada.  A região produz mais de 50% do espumante nacional, sendo o mercado português o seu maior consumidor, seguido do Brasil, Canadá e Estados Unidos da América. Os números de 2019 são positivos, apontando para um crescimento em certificação, preço médio do vinho espumante transccionado e preço das uvas. Em 2019, a Bairrada produziu mais de 21 milhões de litros de vinhos, espumantes e tranquilos. Houve uma quebra de 15% na produção de brancos e de 5% de tintos, mas “foi compensada pela qualidade”, afirma Pedro Soares.

A defesa do território e da marca Bairrada são de extrema importância para a comissão vitivinícola. “O sector do vinho é o único que suporta, verdadeiramente, a promoção contínua da marca Bairrada”, justifica Pedro Soares. “Nos últimos 10 anos, a consciência da importância de estarmos unidos em torno de uma marca coletiva tem sido muito maior por parte de todos e o facto de empresas, como as tradicionais caves, que apenas engarrafavam, passarem a ter vinhas e/ou controlo sobre as uvas fez com que também tenham de apostar de forma evidente na marca da região.”

O negócio traduzido em baixo preço e em volume, a confusão entre o vinho não certificado e os produtos com Denominação de Origem, bem como a utilização da marca Bairrada na comunicação e produtos, quando as uvas não são provenientes da região e/ou os produtos não são submetidos ao processo de certificação, são tidas, durante estas quatro décadas, como as maiores dificuldades face ao trabalho realizado. “Sempre que alguém faz passar um produto não certificado como sendo Bairrada, está a prejudicar de forma evidente aqueles que trabalham para a promoção da marca coletiva e que cumprem as regras”, explica Pedro Soares.

A produção de espumantes na Bairrada regista uma quota de mercado de mais de 50%. O incremento deste produto também está associado ao projeto Baga Bairrada, fundado em 2015, com o objetivo de valorizar, demarcar e autenticar a Baga, a casta emblemática da região e, ao mesmo tempo, evidenciar a diferenciação dos espumantes Bairrada, no sentido de assegurar o crescimento dos chamados Blanc de Noirs.

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