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Procura interna com maior influência que as exportações no crescimento do PIB

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A procura interna em 2018 passou a ter uma maior influência no crescimento do PIB nacional do que as exportações. O aumento das exportações contribuiu para um crescimento de 0,8% do PIB, num total de 2,1%, a influência mais baixa dos últimos nove anos. A procura interna teve um contributo superior a 1,3%, com o consumo privado a ser determinante (1%).

Segundo o estudo A Economia Portuguesa 2018, hoje divulgado pela Iberinform, esta procura interna, assente num conteúdo importado muito elevado, “não é sustentável e só o será com uma substituição competitiva das importações, inclusive das originadas pelas exportações.”

São os veículos automóveis e componentes que continuam a estar por trás do aumento das importações para satisfação da procura externa (exportações) e da procura interna em 2018 (10,7%). As importações de equipamentos mecânicos aumentaram 17% e as importações de equipamentos elétricos e eletrónicos cresceram 12% para satisfazer a procura interna (investimento). O ferro e o aço também tiveram um forte aumento de 14,4%. No campo alimentar, o estudo destaca os aumentos das importações de carnes (10,8%), cereais (11,9%) e fruta (9,6%).

A atual política económica em Portugal tem tido como objetivo aumentar o PIB por via do estimulo da procura interna, tanto ao nível do consumo como do investimento, seja através de políticas de estimulo ao emprego e aumento de rendimentos (remunerações e pensões), como através da política orçamental, com aumento da despesa pública e diminuição dos impostos sobre os rendimentos das famílias. Contudo, como salienta o estudo hoje divulgado, “sem aumento da competitividade das exportações e substituição competitiva das importações, o estimulo à procura interna tem induzido sempre a um crescimento insustentável, sendo o sobre endividamento público e privado uma das suas manifestações”. No entanto, é reconhecido o reforço da prioridade à internacionalização.

Em 2018, as exportações de bens, excluindo os combustíveis, desaceleraram em quase todos os produtos da indústria, com destaque para os bens alimentares (3,4%), incluindo agricultura e pescas, têxteis (2,8%), plásticos (2,7%), metálicos (6,7%), moldes para plásticos (0,95) e outros equipamentos mecânicos (2,9%). Os equipamentos elétricos e eletrónicos tiveram mesmo uma variação negativa (-4,3%), tal como o calçado (-2,3%). As exportações de serviços conseguiram determinar um saldo positivo da balança comercial de serviços em 2018 que compensou o défice da balança comercial de bens por via fundamentalmente das Viagens e Turismo. No entanto, esse excedente poderá estar em causa em 2019 que no seu primeiro trimestre teve um défice comercial de -734 M€, a demonstrar os limites do crescimento baseado numa procura interna e externa dependente de importações.

Contudo, em 2018, as exportações nacionais aumentaram novamente as suas quotas nas importações mundiais, 1,2% nos produtos e 3,4% nos serviços, o que evidencia ganhos de competitividade. De salientar o desempenho das Viagens e Turismo, com um aumento de 6,8%, atingindo 1,4% de quota mundial, e a afirmação da cortiça portuguesa que aumentou 3,3% para conquistar a primeira posição mundial com uma quota de 61%. Os moldes de plástico passaram da 8.ª para a 7.ª posição mundial com uma quota de 5,4% no total das exportações mundiais. O papel elevou a sua quota para 1,3% com um aumento de 3,6% e os veículos automóveis tiveram um forte aumento de 28,2% para alcançarem uma quota mundial de 0,60%.

Em 2018, foi reforçada a concentração das exportações nacionais nos principais mercados da União Europeia de maior proximidade geográfica, com os aumentos mais significativos a registarem-se em Espanha (6,2%), que aumentou o seu peso para 25,3%; França (7,1%) que aumentou o peso para 12,7%; Alemanha (7,1%) aumentou o seu peso para 11,5%, e Itália (27,4%) com um peso de 4,3%. De destacar ainda os aumentos registados na Áustria (48,3%), Polónia (20,9%) e Suécia (16,7%). Com variações negativas mais significativas destacam-se Angola (-15%), China (-21,6%) e Brasil (-13,9%).

A economia portuguesa está condicionada por um contexto internacional onde as ameaças superam as oportunidades. A vulnerabilidade da integração europeia, o Brexit, as fragilidades do protecionismo, os riscos das economias emergentes, a variação negativa da procura mundial ou o aumentar dos riscos geopolíticos na América, com especial destaque para a Venezuela, com uma ampla comunidade lusa, são algumas dessas ameaças. Em contra tendência, o recente acordo da União Europeia com o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), complementar aos acordos com os países andinos da Colômbia, Peru e, potencialmente, Equador, abre quase toda a América do sul ao comércio livre com a EU, com destaque para as cadeias de valor automóvel e alimentar, que serão favoráveis a Portugal.

No plano do mercado interno, a economia portuguesa continua condicionada pelo excessivo endividamento do Estado, não profundamente modernizado, pelas fragilidades das instituições financeiras com as suas imparidades e contingências, grande parte delas estatizadas e nacionalizadas, e pelas famílias com níveis de endividamento e de tributação melhorados, mas ainda muito elevados.

No primeiro trimestre de 2019, o contributo das exportações para a variação do PIB nacional foi negativo (estimado em -0,4%), tendo a procura interna sido determinante para o crescimento de 1,8% do PIB, com um contributo de 2,2%. As previsões apontam para que as exportações mantenham um menor contributo para um menor crescimento do PIB, de 0,4% em 2019 e 0,5% em 2020 e 2021. O cenário de crescimento do PIB antevê um crescimento de 1,7% em 2019 e de 1,6% em 2020 e 2021.

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