Trump vs Biden
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Presidenciais EUA: a dívida pública será a verdadeira vencedora

A longo prazo, a dívida pública será a verdadeira vencedora das eleições norte-americanas do próximo dia 3 de novembro, considera a Euler Hermes, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, que estima que esta possa vir a representar até 166% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030, no caso de uma vitória de Joe Biden (Partido Democrata) e até 155% do PIB num cenário de reeleição de Donald Trump (Partido Republicano).

De acordo com um estudo recentemente publicado, apesar do efeito de longo prazo no endividamento norte-americano, Joe Biden poderá promover um crescimento económico ligeiramente superior de, em média, 1,4% por ano, entre 2021 e 2030, em comparação com um potencial crescimento anual médio de 1,25%, no mesmo período, em caso de uma vitória de Donald Trump.

Segundo os economista, e partindo de um cenário em que a pandemia de Covid-19 já fez disparar a dívida pública de 109%, em 2019, para 137% , sob a presidência de Joe Biden, o ritmo médio de crescimento da dívida pública seria de 2,2 pontos percentuais por ano, entre 2021 e 2030, acabando esta por se situar nos 160%, em 2030. Contudo, num cenário em que a proposta de Joe Biden para financiar o perdão das dívidas de propinas dos estudantes universitários tenha um custo superior a 750 mil milhões de dólares (638 mil milhões de euros), a dívida poderá chegar aos 166% do PIB.

Por outro lado, se Donald Trump iniciar um segundo mandato, e se as políticas agora previstas se mantiverem durante toda a década , a dívida pública norte-americana continuará a aumentar a um ritmo médio anual de 2,4 pontos percentuais, entre 2021 e 2025, e deverá depois diminuir, em média, 1,3 pontos percentuais anualmente, acabando por atingir 142% do PIB,em 2030. No entanto, os especialistas consideram que o cenário mais provável é que as medidas de redução da despesa previstas sejam aplicadas apenas parcialmente e que a dívida pública dos Estados Unidos se situe entre os 151% e os 155% em 2030.

Seja qual for o vencedor, antecipam os economistas, as eleições norte-americanas desencadearão um período de grande incerteza e volatilidade nos mercados até ao final do ano.

 

Quatro cenários

Independentemente das últimas sondagens divulgadas, estima-se que a eleição será muito renhida. Os analistas da Euler Hermes trabalharam em quatro cenários diferentes, analisando o impacto económico de cada um.

No cenário considerado pelos economistas como mais provável (probabilidade de 40%), haverá uma vitória de Joe Biden, sem maioria clara no Congresso, mantendo-se o Senado nas mãos dos republicanos. Assim, Joe Biden será menos ambicioso na execução do seu plano económico. Neste cenário, estimam os analistas, será possível um consenso em relação aos projetos de infraestruturas, mas a redistribuição de rendimentos às famílias não irá tão longe quanto previsto, ficando por cumprir a promessa de aumentar a taxa do imposto sobre as empresas de 21% para 28%. Consequentemente, neste cenário, o PIB dos Estados Unidos contrairia 5,3%, em 2020, crescendo 3,7%, em 2021, e 3,2%, em 2022.

De acordo com o segundo cenário mais provável (30% de probabilidade), o Presidente Trump vence sem uma maioria clara no Congresso, mas mantendo o Senado ainda nas mãos dos republicanos. Em relação ao impacto deste cenário, os analistas estimam o surgimento de uma economia orientada para a oferta e cortes fiscais alargados para indivíduos e projetos de infraestruturas de menor dimensão. Além disso, destacam também que possíveis movimentos externos (guerra fria tecnológica, tarifas e sanções às empresas americanas localizadas no estrangeiro) penalizariam o crescimento económico (menos 5,3%, em 2020, aumentando 1,7%, em 2021, e 1,2%, em 2022).

Num terceiro cenário (20% de probabilidade), Joe Biden teria uma grande vitória, conseguindo os democratas uma grande maioria no Congresso. Este cenário teria como resultado o início de um novo ciclo de investimento, com grandes projetos de infraestruturas e políticas redistributivas, e a diminuição da taxa de desemprego, para 5,5% até ao final de 2022 (situa-se atualmente nos 8,4%). Neste contexto, o crescimento do PIB seria de -5,3%, em 2020, mas de 4%, em 2021, e de 3,5%, em 2022.

No cenário menos provável, de uma grande vitória de Donald Trump (10% de probabilidade), com o Congresso nas mãos dos republicanos, a política económica ficaria marcada por cortes fiscais, novas medidas protecionistas, adoção bipartidária do programa de infraestruturas – menos extensa do que a de Joe Biden devido a um plano ambiental menos ambicioso –, e a implementação antecipada de outros cortes nas despesas. Como consequência, o crescimento do PIB seria de -5,3%, em 2020, de 2,7%, em 2021, e de 1,8%, em 2022.

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