"Portugal continua entre os dez maiores mercados europeus de compras tax free"
João Andrade Barros, General Manager b.Free Portugal
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“Portugal continua entre os 10 maiores mercados europeus de compras tax free”

As palavras são de João Andrade de Barros, General Manager da b.Free Portugal, empresa de tax free, 100% digital, recém entrada no mercado nacional e que procura desmistificar a importância do tax free na promoção de um turismo de compras crescente em Portugal. Mesmo num momento tão delicado quanto o presentemente vivido, o turismo continua a ser “de dimensão incomparável para o impulso dos negócios e o crescimento do país”Uma área de negócio onde a b.Free quer ter uma palavra a dizer, com o seu serviço integralmente digital.

 

Grande Consumo – O tax free ainda é “um bicho de sete cabeças” em Portugal? Como é que essa figura tributária pode ser esclarecida?

João Andrade de Barros – Tax free é um procedimento que tem sofrido com o estigma da dificuldade logística e prática na sua implementação, mas que tem sido responsável por milhões de euros em receita. Mas a b.Free! é exatamente a evolução do tax free, é um direito a que todos temos acesso e que devemos utilizar para promover o turismo de compras.

É um tipo de serviço que tem que ter sempre uma comunicação esclarecedora e verdadeira para ambas as partes interessadas na sua utilização, o consumidor final e o lojista/comerciante. Desde julho de 2018, entraram em vigor novos processos para as compras que possam usufruir de isenção de IVA (disponíveis para turistas não residentes na União Europeia, que têm direito a adquirir bens isentos de IVA, desde que sejam verificados requisitos como não ter natureza comercial, saírem do espaço da União Europeia no prazo de três meses, com os produtos na bagagem do turista, e o valor líquido da compra seja igual ou superior a 50 euros) e esta situação veio posicionar a importância do tax free no comércio.

A partir desse momento, compete depois aos operadores de tax free, como a b.Free! Portugal, elaborar estratégias de comunicação diretas e concisas para cada um dos seus “targets”, clientes e parceiros. A b.Free! valoriza o tempo dos consumidores e, por isso, facilita o processo, implementando ações de comunicação e marketing digital de forma muito estratégica.

 

GC – O que é a b. Free Portugal vem trazer de diferenciador a este universo? Em que bases assenta a vossa proposta de valor?

JABA b.Free! é um serviço 100% digital, nasceu em Espanha e foi uma empresa pioneira no que concerne ao tax free digital, vencendo inclusivamente o Prémio Ideias Inovadoras, em 2018. Veio acrescentar valor ao mercado e trouxe a possibilidade de usufruir deste serviço de forma mais fácil, rápida e cómoda, sendo possível as pessoas registarem-se no site através do download da app, ou na sua primeira compra junto do dos parceiros. A b.Free! é, igualmente, uma empresa célere no reembolso antecipado do IVA, sem se esperarem contrariedades, comissões extras, esperas ou atrasos. Desenvolvemos relações comerciais com parceiros e operadores turísticos e enviamos os formulários diretamente ao turista por e-mail.

 

GC – A que se deve o “timing” da aposta no país? Porquê agora e não antes?

JABTendo em conta que o número de turistas em Portugal é cada vez maior, quebrando constantemente recordes e somando prémios que nos distinguem como um destino turístico de exceção, fazia todo o sentido investir no país. A empresa consolidou a atividade em Espanha e deu provas do seu valor. Por essa razão, Portugal estava em “pipeline” e o nosso objetivo é dar também provas do nosso valor, principalmente a partir do momento de implementação do e-Fatura e a comunicação direta com a Autoridade Tributária. A b.Free! avaliou a integração no mercado nacional e consolidou  a sua entrada no segundo semestre de 2019, num ano em que cerca de 27 milhões de turistas visitaram Portugal.

 

GC – Faz sentido apostar num serviço estritamente digital? É o modelo de negócio que pode apresentar mais-valias aos seus utilizadores?

JABAcreditamos que um serviço 100% digital marca a diferença e facilita a operação e o acesso a todos os clientes. O objetivo é que estejam focados nas vendas inerentes ao seu próprio negócio, e que o tax free passe a ser um serviço automatizado, tão simples quanto possível. Este serviço digital faz sentido numa era em que as pessoas utilizam, cada vez mais, meios digitais para se relacionarem. Por outro lado, ao abdicar do papel, ajudamos também a contribuir para a sustentabilidade e uma consciência mais ambiental.

 

GC – Quais são os serviços que a b.Free! Portugal proporciona aos seus clientes?

JAB – A b.Free! apresenta aos seus utilizadores um serviço 100% digital, acompanhamento 24 horas, formação contínua, a melhor tabela de reembolso, sistemas integrados no próprio sistema de faturação e acordos com empresas de referência na área do turismo. Pretendemos ajudar a criar o hábito de todos os documentos serem digitais, evitando, assim, a sua impressão e gastos com papel. O meio ambiente agradece, assim como o cliente final, que tem a sua documentação mais segura, digitalizada, podendo ter acesso à mesma em qualquer ocasião e lugar.

 

GC – Com que ambição partem para a abertura da operação nacional? Quais são os objetivos qualitativos e quantitativos para a b.Free! Portugal?

JABO nosso objetivo é chegar a todos aqueles que têm vontade de fazer crescer o seu negócio e percebam que o tax free também evoluiu. A b.Free! é a evolução do tax free. Em termos quantitativos, ambicionamos aumentar a média de vendas dos nossos parceiros em 10%, crescer no mercado entre 5% a 10%, selecionando os parceiros por estratégia de posicionamento e ramo de vendas. O crescente fluxo turístico é também inerente ao aumento de cheques tax free na app da b.Free! Portugal.

 

GC – O turismo de compras em Portugal irá continuar a crescer, ou pelo menos seriam essas as expectativas antes da pandemia que todos conhecemos,.Acredito que tenha sido uma das razões que vos levou a abrir uma operação local…

JABToda a nossa perspetiva sempre foi de um crescimento globalizado e transversal a todos os sectores. Com algumas reticências, agora, acreditamos num crescimento contínuo, mas inferior ao que todos antecipávamos em Portugal. No entanto, este é o momento certo para prepararmos estratégias de crescimento e impulsionamento, adaptando-nos a uma nova realidade económico-financeira.

Temos que seguir as normas legais da proteção e saúde e encontrar soluções para o comércio, o teletrabalho tem-se revelado uma ferramenta fundamental e acreditamos que irá permitir a continuidade da atividade da empresa, com o apoio de e-commerce da b.Free!.

 

GC – Quanto é que representou o mercado de tax free, no ano passado, no país?

JABPortugal continua entre os 10 maiores mercados europeus de compras tax free, tendo acumulado um crescimento superior a 12% no ano passado, de acordo com as compras dos estrangeiros, feitas entre todos os operadores tax free. Os turistas que visitam Portugal não realizam tantas compras no segmento de luxo, como noutros países do Velho Continente. O mercado é dominado pelas economias britânica, francesa e espanhola.

 

GC – O parque retalhista instalado em Portugal tem condições para elevar esse “ticket” médio? A lusofonia pode ajudar a esse crescimento?

JABAcreditamos que podemos acrescentar mais-valias com a implantação do e-commerce para os mercados ascendentes. Portugal é o destino de eleição dos compradores lusófonos (Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique), responsáveis por quase 60% dos gastos com isenção de impostos em Portugal. No resto da Europa, essa percentagem cai drasticamente para apenas 1%.

As mudanças têm-se feito sentir, os clientes tax free eram historicamente os compradores angolanos, a nacionalidade com melhor desempenho no país, mas, nos últimos cinco anos, Portugal captou o interesse de outros mercados. Os consumidores chineses e americanos já registam um crescimento nas compras superior ao dos clientes angolanos e esta situação deve-se às ligações diretas entre China e Portugal, por exemplo. A oferta de retalho deve ser agora adaptada às expectativas desses consumidores, além de se tornar estratégico aumentar a aceitação de meios de pagamento digital específicos chineses (WeChat, Alipay) e ainda mais a promoção de Portugal como um destino turístico de topo. Contudo, acreditamos que, com este surto de saúde pública, podemos vir a aumentar os números em países de ascensão, como Cabo Verde, São Tomé e Guiné Bissau.

 

GC – A adoção de meios de pagamento digitais específicos (casos do Alipay ou WeChat, por exemplo) pode ajudar a gerar mais riqueza e consequentemente captação de mais tax free? Pela sua experiência profissional, em que patamar se encontra Portugal no que à adoção de meios de transação digital diz respeito? 

JABO usufruto de todos os mecanismos de pagamento é extremamente vantajoso na medida que nos permite chegar a mais consumidores, consumidores estratégicos, oferecendo-lhes o acesso às plataformas do seu dia-a-dia. Alipay e Wechat são ferramentas importantes quando falamos em turismo asiático, nomeadamente, proveniente da China. Era impensável não os providenciarmos, já que, atualmente, estes turistas são responsáveis por grande parte do turismo de compras em Portugal.

 

GC – Seria importante que Portugal se tornasse um destino global de compras e não uma porta de entrada para outros destinos europeus que proporcionam essa possibilidade?

JAB – Seria fundamentalmente importante criar uma relação entre o consumidor e o país, para que este decidisse regressar e investisse ainda mais. Quer seja numa tomada consciente de decisão ou simplesmente um ato espontâneo, o turismo é uma ferramenta de dimensão incomparável para o impulso dos negócios e o crescimento do país, especialmente num momento tão delicado quanto este.

 

GC – O que seria um bom exercício de 2020 para a b.Free! Portugal, atendendo ao contexto global e, naturalmente, nacional?

JABTemos um monopólio para poder explorar, Portugal tem ainda potencial de crescimento junto dos viajantes brasileiros, no que diz respeito aos compradores globais do turismo de luxo (que nos últimos dois anos, gastaram mais de 40 mil euros). 20% dos brasileiros que visitaram a Europa fizeram pelo menos uma transação tax free em Portugal, no entanto, o país está a captar apenas 30% a 40% da capacidade de compra destes consumidores. Para mudar este cenário a solução passaria por acreditar, ainda mais, no marketing digital e na estratégia da b.Free!, assim como na forte integração de parceiros estratégicos que ajudem a posicionar Lisboa como um destino de compras e não apenas um ponto de entrada para a Europa. Para tal, é necessário aumentar a oferta de retalho de luxo e promover o artesanato de luxo local, em vários locais estratégicos do país.

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