Pedro Camarinha
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Os produtos Made in Portugal

As mais recentes alterações nos hábitos de consumo revelam uma aposta maior dos consumidores nos produtos de origem nacional, sobretudo no que respeita às produções locais na área agroalimentar. Esta alteração pode estar relacionada com a situação macroeconómica e com os benefícios culturais e ambientais, reconhecidos pelos portugueses nas produções locais.

Além de beneficiar as populações que residem em regiões mais afastadas e, por isso, sem grandes oportunidades de emprego, o consumo de produtos locais potencia a economia de pequenas comunidades, proporcionando às populações produtoras melhor qualidade de vida, bem como para nós, consumidores.

Consumir produtos de origem local significa, portanto, reforçar o sistema produtivo, a base económica, a capacidade de o consumidor escolher o que prefere consumir e a criação de empregos. Significa, igualmente, reduzir dependências externas, aproveitar os recursos naturais e criar riqueza, ao mesmo tempo que se promovem hábitos e comportamentos saudáveis, reduzindo de forma significativa a pegada ecológica de cada um de nós.

Os dados do Observador Cetelem Consumo, este ano dedicado ao tema “Pensar Local, Agir Local”, demonstram que, para os consumidores portugueses, o incentivo à aquisição de produtos locais é um tema que deve ser encarado como prioritário (53%). Um valor elevado se considerarmos que, em média, entre os inquiridos dos 17 países europeus, apenas 39% partilham da mesma opinião. Já para 46% dos consumidores nacionais, esta é uma matéria importante, mas não prioritária (46%), e apenas 1% a considera pouco importante.

Mas parecem existir perceções muito diferentes do conceito e “consumo local”. Por exemplo, para 65% dos consumidores portugueses, um produto local é produzido na região em que vivem e 33% são da opinião que corresponde a um artigo produzido em território nacional. Apenas 5% considera como produto local um que seja fabricado num país europeu, o que sinaliza dúvidas sobre a noção de “mercado único”.

Importa reter também que o maior obstáculo apontado pelos consumidores para o consumo deste tipo de produtos continua a ser o preço e que, se quisermos ir ao encontro dos consumidores, precisamos reforçar a identificação da origem dos produtos nas prateleiras das lojas. Os produtos locais apresentam valores mais elevados e, talvez por isso, tanto os mercados como os consumidores se sintam constrangidos em fazer a mudança total. Ainda assim, dois em três consumidores assumem estar disponíveis a pagar mais por um produto local. Torna-se, assim, necessário caminhar para uma economia de base local e de maior proximidade, de forma a não só reduzir a pegada ecológica, como a conseguir uma gestão mais sustentável dos recursos energéticos e, consequentemente, proteger a economia local.

O Observador Cetelem Consumo está disponível aqui.

Por Pedro Camarinha, diretor Distribuição Cetelem

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