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Há 30 milhões de desempregados “invisíveis”

Foto Shutterstock

Desde fevereiro que o mundo assiste a uma subida sem precedentes dos números da população inativa, com acesso a medidas estatais de apoio social implementadas no âmbito da crise pandémica, não considerada nos dados oficiais de desemprego. De acordo com a Euler Hermes, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, existem hoje mais de 30 milhões de desempregados “invisíveis”, que não estão a ser tidos em conta nas projeções de evolução do consumo interno e que podem representar, à escala global, uma contração mensal deste indicador em cerca de 12 mil milhões de euros.

De acordo com o estudo “30 million unemployed go missing and with them USD14bn of monthly consumption”, que analisa 25 países da OCDE e mercados emergentes, o número de desempregados “invisíveis” nas estatísticas oficiais, desde fevereiro, varia, por exemplo, entre os 40 mil em Portugal, 320 mil em França, 350 mil em Itália, 160 mil na Irlanda, 1,5 milhões em Espanha, 5,5 milhões nos Estados Unidos da América, até 13 milhões no Brasil.

Assim, os economistas estimam que, em alguns países desenvolvidos, como Espanha, a taxa real de desemprego chegue a ser superior à oficial em quase seis pontos percentuais. Neste caso específico, equivaleria a uma taxa real de desemprego de 21,9%, colocando o país vizinho no terceiro lugar da lista dos que registam maior contração real do consumo interno: 927 milhões de euros por mês, atrás dos Estados Unidos e do Brasil. A análise estima números semelhantes na Irlanda (mais seis pontos percentuais), que correspondem a uma taxa de desemprego real de 11,4%, mas a um impacto inferior no consumo, de 166 milhões de euros.

 

Portugal

Nesta estimativa, Portugal tem 40 mil desempregados “invisíveis”, o que corresponde a uma taxa de população inativa, podendo traduzir-se na taxa de desemprego real, de mais 0,7 pontos percentuais acima da oficial e um impacto adicional de cerca de 15 milhões de euros mensais no consumo. A situação em Portugal está em linha com a que se verifica, por exemplo, em Itália e no Canadá, onde os economistas estimam que estes “desempregados invisíveis” acrescentem um ponto percentual à taxa oficial de desemprego, com um impacto mensal no consumo de 233 milhões e de 148 milhões de euros, respetivamente.

Já nos Estados Unidos, os analistas da seguradora acreditam que o valor real da taxa de desemprego seja superior à oficial em 3,1 pontos percentuais, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 10,9% e a um impacto mensal no consumo de cerca de 4,4 mil milhões de euros.

Os números são particularmente elevados nos mercados emergentes: Brasil, mais 10,4 pontos percentuais, equivalendo a um impacto mensal de 3,7 mil milhões de euros no consumo; África do Sul, mais 16,7 pontos percentuais, e no Chile, mais 15,8 pontos percentuais acima da taxa de desemprego oficial.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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