Em breve, a fábrica da Coca-Cola European Partners (CCEP), em Azeitão, poderá arrancar com a produção para outros países da Europa, além da Península Ibérica. “Já produzimos na nossa fábrica bastantes referências para o mercado espanhol e, em breve, acreditamos que vamos ser capazes de atrair produção para outros países da Europa”, disse à Lusa, Rui Serpa, vice-presidente e diretor para Portugal da CCEP. “Não posso dizer que marcas, nem que países, mas contamos a meio do ano estar a produzir para outros países além Península Ibérica”.
O gestor sublinhou que, dada a importância da questão logística e de transporte em termos do negócio, a possibilidade de ampliar a produção a outros mercados europeus reflete a capacidade e a polivalência da unidade de Azeitão. “Estamos sinalizados como uma das fábricas da rede industrial da Coca-Cola European Partners – estamos a falar Grã-Bretanha, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Noruega, Suécia, Bélgica, Luxemburgo e Holanda – que também serve de backup para os outros países”, disse, acrescentando que tal “significa capacidade competitiva e competência” por parte da unidade.
Empregando cerca de 200 pessoas, a fábrica de Azeitão possui oito linhas de produção, das quais resultam mais de 250 milhões de litros por ano. 90% de tudo o que é vendido em Portugal é produzido nesta unidade e só não é 100% porque, segundo explicou Rui Serpa, há produtos mais específicos que requerem uma produção diferente, feita nesta rede de fábricas a nível ibérico.
Em 2018, foi anunciado um investimento de 10 milhões de euros na fábrica até 2023.
Fanta Guaraná
Desde o início de março, a fábrica de Azeitão começou a produzir a Fanta Guaraná, um produto exclusivo de Portugal que, de acordo com a Lusa, até ao momento, já vendeu 300 mil litros.
O gestor indicou que, eventualmente, a Fanta Guaraná poderá vir a ser exportada para países da diáspora portuguesa, caso os resultados em Portugal se revelem um sucesso.
Fruto da aposta da empresa na inovação, espera-se que a Fanta Guaraná tenha um impacto positivo no negócio da Coca-Cola e na dinamização dos clientes. “O lançamento de produtos em tempos de crise e ir em contraciclo representa também uma oportunidade”, salientou Rui Serpa.
Pandemia
Em 2019, as vendas da empresa em Portugal contraíram 15% em volume, impactadas pela pandemia. “Foi uma inversão face à tendência que trazíamos, de crescimento consecutivo há mais de cinco anos, o que era bastante positivo e acima da média do sector. Sendo nós uma empresa que tem componente grande da venda dos nossos produtos no canal Horeca, naturalmente fomos afetados”, comentou, adiantando que o início deste ano também foi “duro” devido ao encerramento da restauração.
A empresa também optou por não reduzir o número de pessoas ao seu serviço nem recorrer a nenhum modelo disponível, como o layoff, uma decisão que Rui Serpa qualifica de importante, não a melhor economicamente, mas a melhor do ponto de vista social. Não obstante, com a pandemia, a contratação temporária, que decorre de períodos de pico como no verão, não aconteceu.
Além dos 400 empregos diretos, a Coca-Cola estima em 8.400 os empregos indiretos decorrentes da sua atividade. Rui Serpa detalha que por cada euro de produtos da marca comprados no mercado português, cerca de 85 cêntimos ficam na economia local. “O nosso impacto na economia portuguesa estimado é de 418 milhões de euros, que representa 0,2% do PIB português”, rematou.