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“Encontramo-nos num mercado cada vez mais competitivo no qual os produtos se banalizam”

O atual momento vivido caracteriza-se pela crescente competitividade dos mercados, que acelera a banalização dos produtos e inibe a diferenciação, tão ambicionada pelas marcas, junto do consumidor. Perante este cenário, urge aproveitar as oportunidades geradas pela indústria 4.0. Ignacio Rocchetti, novo responsável e consultor da Loop New Business Models para a área da indústria 4.0, destaca os serviços como ferramenta de diferenciação para as empresas industriais, quando os produtos se banalizam e se torna cada vez mais difícil e dispendioso obter a diferenciação de produto.

Grande Consumo – Como irá a indústria 4.0 revolucionar os modelos de negócio e os processos?
Ignacio Rocchetti –
A indústria 4.0 fez com que as empresas não centrem tanto os seus esforços no fabrico ou produto em si mesmos, mas sim em abrir novas oportunidades de negócio à servitização, ou seja, à oferta de serviços entre as suas principais atividades.
Do nosso ponto de vista, os serviços constituem uma ferramenta de diferenciação para as empresas industriais quando os produtos se banalizam e torna-se cada vez mais difícil e dispendioso obter a diferenciação de produto.
Além disso, a servitização apoia-se na digitalização industrial para disponibilizar um melhor serviço pós-venda e de acompanhamento de qualidade junto dos seus clientes, sendo esta uma das grandes vantagens que apresenta a indústria 4.0.

GC – Quais são os principais desafios e oportunidades da indústria 4.0 em Portugal?
IR –
O principal problema é que as empresas industriais portuguesas encontram-se num processo mais de consciencialização nesta nova indústria 4.0, enquanto outras empresas do centro e norte da Europa levam anos a trabalhá-la e encontram-se numa etapa mais centrada na implementação.
A grande oportunidade para Portugal reside precisamente aqui, já que pode construir novos processos de indústria 4.0, evitando as más experiências que outros países viveram e, sobretudo, outros sectores pioneiros.
É também fundamental entender como construir estes novos processos: verificamos, muitas vezes, que as implementações de estratégias de transformação digital podem frequentemente branquear o modelo de negócio fundacional da empresa e a servitização confere às empresas portuguesas a oportunidade de dar esse salto digital que tanto procuram de uma forma não traumática, a partir o seu modelo de negócio.

GC – Quão urgente é a necessidade de transformação digital e aceleração da produtividade nas empresas portuguesas?
IR –
Como comentava anteriormente, é importante que as empresas portuguesas passem à fase de implementação para não perder as oportunidades que brindam a transformação digital no sector industrial.
O surgimento de outros “players” nativos digitais veio distanciar cada vez mais o consumidor das empresas anteriormente estabelecidas no mercado, porque encontraram novas formas de interagir com o consumidor, pelo que esta capacidade ser uma “top priority” para as empresas portugueses alcançarem esta transformação e reduzir cada vez mais as distâncias entre o seu processo produtivo, o seu produto/serviço e satisfação final do consumidor.
De todas as formas, há que encarar a transformação digital como uma ferramenta para alcançar esta mudança e não como um fim.

GC – Qual é o papel da Loop neste novo contexto e como pode ser um ativo para as marcas portuguesas?
IR –
Na Loop ajudamos as empresas a dar este grande passo para a digitalização industrial, desenvolvendo projetos centrados na implementação da servitização no modelo de negócio tradicional da empresa, mas abrindo portas às novas oportunidades que circundam a indústria 4.0. Podemos dizer que somos especialistas na identificação de oportunidades desde o modelo de negócio e capital intelectual das empresas (o seu ADN) e em transferir este conhecimento para o mercado, de uma forma estruturada e única, garantindo a maximização da proposta de valor das empresas em novos contextos, como é o caso do contexto da transformação digital.

GC – Com a chegada desta revolução, 40% das empresas portuguesas poderão vir a desaparecer em 2020. Como podem preparar-se?
IR –
Todas aquelas empresas que poderiam desaparecer têm que levar a cabo processos de adaptação e de diversificação a novos serviços e processos. O conceito de transformação digital não trouxe às empresas portuguesas a derradeira solução para os próximos anos, trouxe sim, novas oportunidades de geração de diferentes modelos de negócio e “touchpoints” com o consumidor.
As empresas portuguesas devem ser ágeis na identificação e no lançamento ao mercado destas novas oportunidades de produtos/serviços para que possam estar melhor preparadas para a avalanche tecnológica que se avizinha. A indústria 4.0 deve ser um aliado para proporcionar o crescimento.

GC – Quais os casos mais icónicos nos quais a Loop ajudou numa transformação evolução?
IR –
Ao longo dos anos, tivemos oportunidade de trabalhar e desenvolver estratégias para grandes empresas como o Grupo Sonae, Delta Cafés, PRIO, entre outras.
Pela nossa busca incessante da unicidade dos nossos clientes, todos os projetos são para nós icónicos e transformadores. A título de exemplo, com a Well’s, uma das insígnias do Grupo Sonae, trabalhámos, em estreita parceria, a otimização da sua oferta de Natal para convertê-la numa referência neste tipo de ofertas e assinalar esta época especial do ano, estratégia que passou por uma nova estruturação do seu catálogo físico e adaptação para outros formatos. Com a PRIO, redefinimos o modelo das suas estações de serviço com vista a adaptarem-se às novas tendências da mobilidade elétrica.
Todos os projetos que desenvolvemos, trouxeram-nos a este momento no qual consideramos que detemos um elevado conhecimento do mercado português que cobre todas as nossas áreas de negócio e nos confere legitimidade para refletir sobre como se encontra e quais os seus desafios no futuro, especialmente no sector industrial, onde temos uma visão muito própria do caminho a seguir com a ideia da servitização da indústria.

GC – O que significa o lema “Preparados para a complexidade”?
IR –
Atualmente encontramo-nos perante um mercado cada vez mais competitivo no qual os produtos se banalizam e é difícil obter uma diferenciação de cada produto e torná-lo único. Perante este cenário, na Loop, posicionamo-nos como especialistas na resposta a dar nesta complexidade do mercado, na qual potenciamos a nossa capacidade de pensar estrategicamente cada marca/produto e executamos tática e cirurgicamente os produtos ou serviços que da estratégia derivam, para descomplicar e descomplexificar o mercado, captando uma maior atenção a determinado produto/serviço através do seu correto posicionamento e disponibilização ao consumidor.

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