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Dívida privada ameaça amplificar os efeitos da guerra comercial

Foto Shutterstock

Os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias mundiais, continuam envolvidos numa guerra comercial que pode desestabilizar as suas economias. De acordo com o mais recente relatório divulgado pela Crédito y Caución, a dívida privada das famílias e das empresas é um meio-chave de amplificação dos custos económicos de uma escalada nesta disputa comercial.

A dívida privada dos Estados Unidos estabilizou em torno de 148% do PIB, num contexto de deslocação dos riscos das famílias para o sector empresarial. A dívida corporativa cresceu até atingir 73% do PIB, em 2018, perto do seu ponto máximo anterior à crise. Embora continue a ser um dos rácios mais baixos das economias avançadas, a seguradora de crédito regista um aumento da preocupação com a qualidade da dívida das empresas norte-americanas e o enfraquecimento das regras de subscrição. O aumento das taxas de juros ou a queda dos lucros são os dois elementos que podem gerar problemas de crédito entre as empresas.

Dada a política monetária da Reserva Federal, a queda nos lucros causada pela escalada das tensões comerciais é a principal ameaça aos riscos de crédito. Embora a economia esteja a passar por um longo período de expansão, os lucros das empresas caíram no primeiro trimestre. As empresas que operam nos sectores do imobiliário e dos serviços públicos são as mais vulneráveis à rápida deterioração resultante de uma queda nos lucros, seguidas pelas empresas dos sectores energético, comunicação e de assistência médica. Outros sectores altamente expostos são o alimentar, bebidas, tabaco e construção civil.
A dívida privada na China representou 203% do PIB em 2018. Ao contrário dos Estados Unidos, na China, a dívida das famílias quase triplicou (de 19% do PIB, antes da crise financeira global, para 51%, em 2018), assumindo-se como a taxa de crescimento mais rápida do mundo. O aumento em relação ao rendimento disponível é ainda mais rápido: 120% em comparação com 30% em 2007. Com 80% da dívida das famílias financiada a taxas variáveis, os agregados familiares chineses estão vulneráveis às flutuações do ciclo económico.
O sector empresarial chinês começou a sua desalavancagem, um processo que aumenta o risco de abrandamento forçado da economia chinesa. A dívida das empresas, que ainda representa 152% do PIB, é a segunda maior entre os mercados emergentes, atrás de Hong Kong (220%). 95% da dívida corporativa chinesa está denominada em moeda local, o que a torna menos vulnerável ao risco cambial, mas, tal como nos Estados Unidos, a Crédito y Caución regista um aumento da preocupação com a deterioração da qualidade creditária das empresas. Os sectores mais vulneráveis são aqueles que apresentam um excesso de capacidade (aço, alumínio, carvão, vidro laminado e cimento), juntamente com os mais endividados (construção civil e imobiliário) e os envolvidos na disputa comercial com os Estados Unidos (metais, plásticos e máquinas).

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