Quer diminuir a sua pegada ecológica? Comece pelo tempo de vida útil que dá a um smartphone

Vânia Guerreiro, diretora de marketing e de comunicação da iServices
Vânia Guerreiro, diretora de marketing e de comunicação da iServices

A pegada ecológica da indústria dos smartphones está a aumentar e já existem 1,6 telemóveis 1 por cada habitante, em Portugal. Num ranking mundial elaborado pela ONU 2, o país já é a oitava nação do mundo com mais telemóveis por habitante. A maioria dos utilizadores de smartphone troca de equipamento a cada um a dois anos. Os fabricantes, os retalhistas e as marcas podem ficar muito satisfeitos, porque vendem mais equipamentos, mas esta realidade é bastante desfavorável ao nosso planeta.

De acordo com um relatório da ONU, todos os anos, são gerados cerca de 41 milhões 3 de toneladas em lixo eletrónico em todo o planeta. O lixo eletrónico e tecnológico é o desperdício criado quando os equipamentos eletrónicos, tais como smartphones, tablets, computadores, televisões, eletrodomésticos e aparelhos elétricos, são descartados por deixarem de ter utilidade. Na Europa, cada habitante gera uma média de 15,6 quilogramas 4 de lixo eletrónico por ano. Sabe-se, também, que 85% a 95%5 das emissões de dióxido de carbono estão associadas à extração dos materiais raros necessários à produção de novos telemóveis.

Sem esquecer que, para a produção de cada telemóvel novo, são utilizados cerca de 70 metais preciosos. Estes materiais são obtidos a partir de recursos do planeta e nem sempre as formas de extração asseguram princípios éticos e sustentáveis.

Assim, uma boa forma de proteger o futuro do planeta Terra, ou pelo menos ter um contributo para a causa, passa por investir na durabilidade dos nossos equipamentos.

É certo que poucas coisas nos perturbam mais do que ficarmos privados do nosso smartphone. As redes sociais, os e-mails, as videochamadas, ouvir música, tirar fotografias e as inúmeras apps que utilizamos fazem com que o telemóvel se tenha

tornado uma espécie de extensão do nosso corpo, representando um elemento central no nosso dia-a-dia. Por tudo isto, se, por alguma razão, subitamente,

deixamos de o poder utilizar, rapidamente equacionamos se não estará na altura de comprar um equipamento novo. Seja porque o ecrã partiu, um problema no som que não nos deixa ouvir bem as chamadas, a câmara que não nos deixa recordar momentos importantes da nossa vida, bateria viciada ou, mesmo, um mau contacto com o carregador que nos impeça de usar devidamente o telemóvel, durante o tempo que queremos, uma coisa é certa: todos estes problemas têm solução, que é como quem diz, reparação.

“Reparar é mais caro do que comprar novo”, esta é uma ideia recorrente. Apesar de, em alguns casos, poder ser verdade, na maior parte das vezes, este pensamento é um mito e, na realidade, está apenas a perder-se uma boa oportunidade de poupar dinheiro e de contribuir para minimizar a nossa pegada ecológica. Reparar o telemóvel, em vez de comprar um novo, é quase sempre a opção recomendada, uma vez que está comprovado que, nos dias de hoje, qualquer smartphone consegue manter uma boa performance durante quatro ou cinco anos.

É natural que, por vezes, existam danos que são irreparáveis e é nessa altura que comprar um novo equipamento faz sentido. Contudo, também na aquisição de um novo equipamento, podemos optar por contribuir para uma pegada ecológica mais favorável ao planeta. Como? Optando por comprar em segunda mão.

É necessário mudar o pensamento automático de “tenho de comprar um smartphone novo”, pois adquirir um equipamento seminovo é uma boa forma de diminuir o lixo eletrónico e poupar na carteira. Esta decisão só traz vantagens.

Os smartphones novos representam um investimento muito significativo, pelo que adquirir equipamentos recondicionados é uma opção que permite, ao mesmo tempo, gastar um valor, consideravelmente, mais baixo e obter um telemóvel completamente funcional. Um equipamento recondicionado (ou “refurbished”) não é um equipamento considerado “novo em folha”, mas foi pouco, ou nada, utilizado. Isto é, é um smartphone que, por alguma razão, foi devolvido pelo cliente ao fabricante ou revendedor. A devolução pode ter acontecido por causa de um pequeno defeito, por ser um artigo de exposição ou, até mesmo, por se tratar de telemóveis com origem em programas de retoma, tais como na renovação de contratos de equipamentos empresariais.

O mais interessante nesta opção, sobretudo para os amantes de “gadgets” com um orçamento limitado, é que estes smartphones, depois de serem devolvidos aos fabricantes ou revendedores, são totalmente formatados e sujeitos a uma intervenção técnica para serem postos novamente à venda, mas com um preço bem mais atrativo.

Ou seja, passam a ser telemóveis “como novos”, mas muito mais baratos e que não produzem lixo eletrónico, pois voltam a ter utilidade. Com estas opções simples, podemos fazer a diferença para a redução da nossa pegada ecológica e diminuir a pressão sobre os recursos do planeta.

 

 

1 PORDATA

2 Combater as Alterações Climáticas: Solidariedade Humana num Mundo Dividido, ONU

3 https://www.unenvironment.org/news-and-stories/story/mountains-noxious-e-wastecan-be-turned-humanitys-advantage

4 https://www.unenvironment.org/resources/report/e-waste-20-recycling-sustainability

5 https://www.fastcompany.com/90165365/smartphones-are-wrecking-the-planetfaster-than-anyone-expected

Marta Nicolau - Brand Manager Dystron

“Se pretendemos ser uma marca com futuro, torna-se crucial manter-nos atuais e relevantes”

Eduardo Barreto, diretor-geral da HiPay em Portugal

Fraude nos pagamentos: um guia para transações seguras