Cumprido o sonho de “um futuro maior”, CAC ambiciona “um futuro melhor”

CAC

O sector da produção de ovos em Portugal é responsável por um volume de negócios de 200 milhões de euros e pela geração de 1.500 postos de trabalho diretos. Com um efetivo total de sete milhões de galinhas poedeiras, dividido por cerca de 90 produtores, o sector abastece quer o mercado nacional, onde o consumo tem vindo a aumentar anualmente, estima-se, cerca de 5%, nos últimos cinco anos, quer o mercado internacional, convertendo o país no maior exportador europeu de ovos. Retrato de um sector para o qual o Grupo CAC (Companhia Avícola do Centro) tem vindo, desde 1986, a contribuir significativamente. É líder destacado de mercado, com 40% de quota, e pertence-lhe 32% da capacidade instalada de galinhas poedeiras do país. Incluindo as que orgulhosamente define como as galinhas “mais felizes de Portugal”. E é com o mesmo orgulho que chama a si a responsabilidade que tem vindo a assumir de mudar as tendências de consumo e consolidar o conceito da produção ao ar livre, hoje amplamente valorizado pelo consumidor final, numa clara aposta no bem-estar animal.

 

Foi criado em 1986, por 13 empresas fundadoras, que sonhavam um “futuro maior”. Juntas,

CAC Manuel Sobreiro
Manuel Sobreiro, administrador da CAC

adquiriram o património de uma pequena empresa do sector, iniciando atividade com 120 mil galinhas poedeiras.

Hoje, falar do Grupo CAC (Companhia Avícola do Centro) é falar de uma dimensão expressa em 12 sociedades e uma holding, com um volume de negócios agregado, em 2020, de 80 milhões de euros, em 2020, que se estima vir crescer, ainda mais, em 2021, para um novo recorde acima dos 90 milhões de euros. É falar de um efetivo de dois milhões e setecentas e cinquenta mil galinhas poedeiras, distribuídas por 44 explorações em todo o território nacional, e de 700 milhões de ovos classificados e distribuídos anualmente, que resultam de quatro sistemas produtivos: gaiola, solo, ar livre e biológico. E é falar da liderança no mercado português, com uma quota de mercado de 40%.

Números que levam Manuel Sobreiro, administrador e principal estratega do grupo, a considerar que, 35 anos volvidos, as expectativas que estiveram na base desse “sonho de um futuro maior, tenham sido amplamente ultrapassadas. “À época, a comercialização dos ovos era feita por múltiplos intermediários, daí que um grupo de produtores associados a um dos comercializadores (intermediário) tenha decidido cria a Cooperativa de Avicultores do Centro – CAC. Saliento, ainda, o facto de que apesar de ter iniciado com 13 produtores, ao fim de um ano, já tinha 65 produtores integrados, o que é bem demonstrativo do sucesso de tal decisão. O sucesso foi e é uma realidade, com todas as alterações a que o sector foi sujeito, nestes 35 anos, destacando, como mais importante, o dimensionamento dos produtores”.

 

Portfólio

Sediado na Bidoeira de Cima, em Leiria, o Grupo CAC emprega, atualmente, 210 trabalhadores. A marca Matinados, de ovos de galinhas criadas ao ar livre, “as mais felizes de Portugal”, segundo o grupo, tem vindo a afirmar-se como âncora, registando, desde 2012, crescimentos anuais superiores a 30%. Em 2020, representou uma faturação de oito milhões de euros.

Os ovos Matinados são produzidos em 10 quintas de galinhas ao ar livre, localizadas no norte e centro de Portugal. Tanto a classificação como o embalamento são efetuados nos quatro centros de classificação do Grupo CAC, localizados em Leiria, Guimarães e Tondela. Esta foi a marca que contribuiu, igualmente, para mudar as tendências de consumo e consolidar o conceito da produção ao ar livre, hoje amplamente valorizado pelo consumidor final. “Como líder do sector, a CAC tem a responsabilidade acrescida de liderar também as tendências de mercado e foi isso que aconteceu em todo o tipo de ovos, a começar pelo ar livre, em 1996, depois pelo biológico, em 2002, e pelo solo em 2012”, afirma Manuel Sobreiro.

Atualmente, o Grupo CAC comercializa as marcas Superovo, Saborosos e Iberovo, para os ovos de gaiola, Saborosos para os ovos de solo, Matinados para os ovos de galinha ao ar livre e Campestre para os ovos biológicos. Além disso, também embala as marcas de distribuição do Aldi, da Auchan, do Lidl e do Pingo Doce.

Um portfólio completo e abrangente, com respostas para distintos posicionamentos de preço, fator que, segundo Manuel Sobreiro, ainda tem influência em muitas famílias. Não obstante, é de assinalar a evolução sofrida, nos últimos anos, pelos ovos biológicos, por exemplo, que, pense embora ainda como nicho de mercado, foram os que mais subiram em termos percentuais. “As futuras tendências levam-nos a ir ao encontro das especificidades das produções de ar livre e biológicos, adequando-as às características diferenciadoras de algumas localizações, essencialmente pela diversidade arbórea e dos solos”, avança. O futuro do sector vai passar inevitavelmente pela produção alternativa, onde a CAC tem apostado fortemente, um caminho se importante para a valorização do produto. “Diria que, daqui a cinco anos, os ovos de gaiola deixarão de existir, não por decreto, mas pela sensibilidade para o bem-estar animal, que levou os produtores a terem deixado de investir neste tipo de produções há já cinco anos”, vaticina Manuel Sobreiro.

 

“As vendas têm evoluído positivamente, dentro daquilo que foi a nossa definição estratégica de crescimento, que não passa necessariamente por um crescimento quantitativo, mas por um crescimento qualitativo, que aposta nos produtos de maior valor acrescentado. A pandemia travou esse crescimento quantitativo, dado o forte decréscimo decorrente da redução significativa do turismo e, como tal, de tudo aquilo que lhe está associado, mas não decresceu o que chamamos de crescimento qualitativo, o que permitiu terminar o ano de 2020 com os mesmos níveis de resultados de 2019”

 

Investimento

Ao longo dos próximos anos, a CAC e os produtores vão ter de continuar a investir nesta transformação da produção de ovos de gaiola para os sistemas alternativos. Os resultados alcançados em 2020 – 80 milhões de euros em termos de vendas – superaram as expectativas do grupo e mobilizaram-no para novos investimentos. Este ano, estão já previstos seis milhões de euros alocados a novas aquisições e aumentos de capacidade instalada de inspeção, classificação e embalamento de ovos. “As vendas têm evoluído positivamente, dentro daquilo que foi a nossa definição estratégica de crescimento, que não passa necessariamente por um crescimento quantitativo, mas por um crescimento qualitativo, que aposta nos produtos de maior valor acrescentado. A pandemia travou esse crescimento quantitativo, dado o forte decréscimo decorrente da redução significativa do turismo e, como tal, de tudo aquilo que lhe está associado, mas não decresceu o que chamamos de crescimento qualitativo, o que permitiu terminar o ano de 2020 com os mesmos níveis de resultados de 2019”, garante o administrador da CAC. “Para o ano de 2021, prevemos um crescimento alinhado com aquilo que foi o crescimento dos últimos anos, sendo que, a partir de 2022, iremos intensificar a nossa estratégia de crescimento”.

 

 

Internacionalização

A exportação detém uma posição de relevo na estratégia futura da CAC, que em 2015 e 2016 chegou a escoar cerca de 30% da sua produção para a Europa, especialmente sul e centro, África, Ásia e Estados Unidos da América. O crescimento acentuado da procura no mercado interno e a pandemia obrigaram a reduzir significativamente as exportações nos últimos anos, que passaram a representar, em termos médios, 8% das vendas, mas o grupo pretende retomar uma estratégia de internacionalização, com base na valorização económica das suas marcas. “Infelizmente, a maioria dos mercados de exportação valoriza apenas o fator preço, exceção feita para os mercados da Suíça e Israel, país para o qual exportamos ovos brancos através da nossa participada Rica Granja, e que valoriza muito o fator frescura e seleção dos ovos”.

Para além destes dois mercados, atualmente, a CAC exporta para vários países, tais como Espanha, França, Alemanha, Guiné, Cabo Verde, Libéria, Gâmbia, Serra Leoa, e Emirados Árabes Unidos. O Reino Unido já foi um mercado de exportação relevante, mas desde 2019 o grupo deixou de ali marcar presença, pelo que não é temido o efeito do Brexit no projeto de internacionalização.

 

“Daqui a cinco anos, os ovos de gaiola deixarão de existir, não por decreto, mas pela sensibilidade para o bem-estar animal, que levou os produtores a terem deixado de investir neste tipo de produções há já cinco anos”

 

Mercado nacional

No mercado nacional, o consumo de ovos tem vindo a subir, o que tem alavancado as vendas da CAC. Embora não disponha de dados oficiais, estima que este consumo tenha subido, nos últimos cinco anos, a um ritmo de 5% ao ano.

Os consumidores nacionais têm-se mostrado atentos à proveniência dos ovos que consomem e privilegiam os nacionais, facto que é reforçado também pela crescente exigência, nesse sentido, por parte das empresas de distribuição.

Portugal é autossuficiente na produção de todos os tipos de ovos, exceção feita para os de produção biológica. “No entanto, os investimentos que a CAC tem em curso, na área do biológico, vão permitir suprir, no final deste ano, todas as necessidades”, garante Manuel Sobreiro.

Atingida a dimensão, o sonho de um futuro maior está a evoluir para o de um futuro melhor. Dentro de cinco anos, a CAC ambiciona estar a vender exclusivamente ovos provenientes de sistemas alternativos. Após algumas renitências iniciais que tínhamos sobre o chavão do bem-estar animal, reconhecemos que os ovos de sistemas de produções alternativas são mais eficientes ao nível da produtividade das galinhas e da qualidade do produto”.

Além disso, o facto da CAC controlar todas as fases do processo produtivo, desde a produção de ração até à distribuição, confere-lhe uma vantagem competitiva. Para Manuel Sobreiro, trata-se de um fator determinante na qualidade apresentada aos consumidores. “Entre outros fatores importantes, existe um determinante, relacionado com a alimentação das aves na sua componente nutricional, com um contributo importante para a resistência da casca do ovo, ou seja, a embalagem natural dos ovos”.

 

Este artigo foi originalmente publicado na edição n.º 67 da Grande Consumo.

Aprígio Guimarães

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David Freedman, Director of Sales na Huthwaite International, representada em Portugal pela CEGOC

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