Tempos de grande dinamismo e inovação

Vivemos tempos de grande dinamismo e inovação. Nunca houve tanta oferta, nem foi tão fácil comprar. Nas lojas físicas, online para receber em casa, online e levantar em loja, as possibilidades serão cada vez mais imensas, quanto mais se aprofundar a noção de retalho, consumo e, porque não, de proximidade e de conveniência.

Se as vendas de bens de grande consumo ainda têm que caminhar para níveis de pré-crise, a verdade é que nunca o retalho foi tão dinâmico e ambicioso. Com o incremento das possibilidades de compra aumenta, naturalmente, a responsabilidade que recai sobre os operadores, cientes do que tal compromisso acarreta. Creio que ninguém duvida do nível do retalho organizado em Portugal, que disponibiliza lojas modernas, perfeitamente ajustadas à nossa realidade de consumo e onde se pode encontrar o que de melhor existe por esse mundo fora.

Curiosamente, e apesar desta realidade presentemente vivida, estudos recentes dão conta de uma mudança de paradigma na altura mais nobre de consumo do ano. Pela primeira vez, no Natal, as intenções de compra online superam a preferência pelas lojas físicas. Segundo o estudo da PriceWaterhouseCoopers, o “Holiday Outlook 2019”, esta é a tendência que se avizinha num dos maiores de consumo à escala mundial: os EUA. Um enorme desafio logístico para toda a cadeia de valor, quer do ponto vista da gestão de fluxos e movimentos de carga, como da própria informação gerada por esta mudança no conceito de “compras de Natal”, ou tão somente de compras como temos conhecido até aqui. Acredito, contudo, que, quanto mais o consumo acontecer na esfera digital, mais importante, e impactante, terá que ser a experiência de compra em loja, verdadeiro showroom e montra concreta de tudo o que diz respeito ao “look and feel” de uma determinada proposta de valor.

Num estudo recente da ACEPI – Associação da Economia Digital, o valor do mercado de e-commerce já alcançou os 87,5 mil milhões de euros, representando mais de 44% do Produto Interno Bruto português. E deverá ultrapassar os 150 milhões de euros, até 2025, pelo que estaremos, ainda, perante a ponta do icebergue. Mesmo num país como Portugal, onde a penetração da Internet ainda fica aquém dos parceiros europeus e, com ela, uma relativa taxa de infoexclusão.

Contexto futuro, onde os marketplaces e os “pure players” terão, tudo indica, ainda mais massa crítica, seja ao agregar mais e melhores serviços e ao disponibilizar novas possibilidades, ou a angariar novas e diversificadas marcas que optam por integrar os seus serviços, conjugando, ou não, essa presença com uma loja online própria, na perspetiva de impactar o número máximo de possíveis shoppers.

Tecnologia ao dispor de todos e que tem, de uma forma ou outra, repercussão de compra nas lojas físicas, como é bom exemplo o novo conceito de loja da Auchan, marca única com que o grupo francófono passa a operar em Portugal. Um desafio para os próximos 50 anos, nas palavras de Pedro Cid, diretor geral da Auchan Retail Portugal, percurso futuro que pelo caminho deixou uma marca muito acarinhada pelos portugueses: o Jumbo. Decisão estratégica para posicionar o grupo no nosso país e onde irá continuar a apostar na promoção da experiência de compra em loja como parte integrante da estratégia de crescimento, onde o físico se cruza com o digital.

Um dos muitos desafios reais, concretos e entusiasmantes, para os tempos vindouros, que se colocam ao retalho e que consigo trarão novos, e bons motivos, para continuar a ler a Grande Consumo.

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Bruno Farias
Diretor Grande Consumo

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