O Mercado do Azeite em Portugal

Otto Teixeira da Cruz - Diretor de vendas e marketing Sovena

Ao nível de produção, Portugal deu um salto quantitativo e qualitativo extraordinário. A qualidade do azeite é reconhecida internacionalmente e os nossos azeites têm conquistado prémios em todos os principais concursos existentes a nível nacional e internacional.

Hoje, Portugal é autossuficiente ao nível do consumo e tornou-se um exportador de referência. Ao nível da produção, estruturalmente, Portugal está no caminho certo ao apostar na qualidade.

Relativamente ao consumo, o azeite português tem ainda um longo caminho a percorrer. O azeite português tem no Brasil uma presença extraordinária, construída e consolidada ao longo dos anos graças às marcas e a um consumidor que valoriza a origem. Nos restantes mercados, a concorrência dos principais produtores europeus, Espanha e Itália, é muito grande. Itália e Espanha são as referências para os clientes e para os consumidores ao nível da origem do azeite. As marcas com origem nestes países construíram uma relação forte nas diferentes geografias, com destaque para Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido.

Não quero com isto dizer que azeite português não está presente, está através das suas principais marcas, mas de uma forma tímida. Encontramos o nosso azeite em canais de distribuição com afinidades ao consumidor português, é uma distribuição muito seletiva que tem, como percebemos, as suas limitações no que diz respeito à abrangência ao consumidor nessas geografias. As marcas portuguesas, se quiserem ganhar dimensão e relevância para o consumidor, têm que estar presentes na grande distribuição e num trabalho ainda mais qualitativo na restauração. Fácil dizer, difícil fazer, entrar na distribuição nestas geografias é difícil, requer tempo e uma capacidade de investir forte. O turismo em Portugal pode ajudar, mas é preciso fazer um trabalho conjunto de valorização da origem do azeite português nas principais geografias.

Em Portugal, o consumo per capita tem ainda uma evolução positiva a fazer, se o compararmos com Espanha e Itália. Um português consome em média sete litros de azeite por ano, o que compara com nove em Espanha, dez em Itália e 16 na Grécia.

Em Portugal, o principal tipo de azeite que se consome é o virgem extra, que, como se sabe, é o de maior qualidade. Neste aspeto, Portugal deu um salto importante ao valorizar a qualidade. É exatamente aqui que os principais operadores, produção e distribuição, se devem focar, defender a qualidade, acima de tudo. Só com qualidade se alarga o consumo e se consegue conquistar novos consumidores e procurar atingir uma taxa de penetração de 100%.

As principais marcas têm desenvolvido um trabalho importante, ao apostarem na qualidade e na diferenciação. Mas essa qualidade e diferenciação só se consegue manter com a ajuda da distribuição, julgo que aqui podemos fazer ainda um trabalho conjunto de valorização da categoria. No retalho, é preciso apostar numa experiência de compra diferenciadora, que consiga recriar na loja um ambiente que valorize as especificidades deste produto

O canal Horeca é um dos principais responsáveis pela valorização do azeite português, a presença das garrafas nas mesas dos hotéis e restaurantes é hoje uma realidade. Temos que, em conjunto, manter esta aposta que valoriza a experiência de quem se senta à mesa para e que, aos poucos, se vá habituando a provar vários tipos de azeite.

Existem imensas oportunidades de valorizar a categoria do azeite português, desde que se mantenha a aposta na qualidade e na valorização da experiência, seja ela de compra ou de consumo.

Aproveito para desejar a todos um excelente 2020.

 

Otto Teixeira da Cruz
Diretor de vendas e marketing Sovena

Tempos de grande dinamismo e inovação

A aposta ganha na proximidade