Não ficou tudo bem

Eça de Queirós, o mandarim e a Covid-19
Bruno Farias, diretor da Grande Consumo

Ainda não recompostos da “paulada” do que acabou por ser 2020, entrámos em 2021 com a (ténue?) esperança de que “tudo vai ficar bem”. Ora não só tudo não ficou bem, como o mundo económico continua em pausa, apesar do cosmos continuar a sua marcha incessante, indiferente a tudo o que se passa na esfera terrestre.

Em pausa, ou pelo menos num patamar não muito distante de tudo o que se viveu até aqui, continuam também as nossas vidas, enquanto os especialistas do burgo perdem mais tempo a analisar o que não merece ser analisado, ao mesmo tempo que as nossas empresas e tecido económico definham, a rede educacional aguarda pela luz verde de um ténue regresso à normalidade de uma realidade onde todos contribuímos, mais ou menos, para o que vivemos ao dia de hoje.

Chamam-se os guarda-costas para o dinheiro da bazuca que ainda não chegou e já tem destinatários previsíveis. Afinal, depois de salvarmos os bancos, temos que salvar a TAP e ir, alegremente, de bancarrota em bancarrota até à bancarrota final. Foi, efetivamente, a escolha da maioria que assim decidiu, com o imenso botão da falência do país a estar a um eminente clique assim que as moratórias terminarem. Até aqui nada de novo, estou em crer.

 

Expetativas

Fale-se, então, do que vale a pena ser falado, que é aquilo que 2021 ainda nos pode trazer. País de navegadores, sempre olhámos para o horizonte longínquo com esperança no olhar, com a crença de que seria sempre mais proveitoso enfrentar o desconhecido do que o que havia na nossa retaguarda. 2020 encerrou com muitos projetos de investimento adiados na esfera do retalho, mas também com muitas concretizações, com diversos planos de negócio a serem aplicados na íntegra na economia nacional. Sinal de que Portugal continua a ser um destino apelativo para o investimento, seja ele estrangeiro ou nacional, com diversas startups e projetos inovadores na área alimentar a surgirem contracorrente. Afinal, todas as crises trazem oportunidades e há que lançar as sementes à terra, com os portugueses a demonstrarem, por diversas vezes, que sabem fazer tão bem quanto os demais e não raras vezes com muito menos. 

Após termos arrancado o ano com um suplemento digital, que visou trazer um pouco de luz em época de escuridão, a nossa vela latina continua enfunada em falar do sector e para o sector, de pessoas e sobre pessoas para pessoas, dando luz a projetos que merecem ser acompanhados. Iniciativas como a Comuniti, a Shaeco, a Grand Carob, operadores consolidados como a iServices ou a Mifarma, aniversários de marcas locais relevantes no nosso imaginário coletivo, como os 50 anos da Dodot, projetos de impacto comunitário e educativo, como a iniciativa “Nestlé por Crianças Mais Saudáveis”, que assinala 20 anos, têm lugar “nesta casa” que também é vossa. E que apenas demonstram que se é o capital que faz mover o universo, é a vontade que se apresenta como o verdadeiro propulsor para que tudo aconteça. 

 

Talento

Razão pela qual, nesta edição, falamos de talento, de mérito, de engenho, da capacidade e visão de uma nova geração de gestores, empreendedores, agentes de mudança que, sem fundamentalismos, demonstram que o respeito pelos limites do planeta é algo que tem que fazer parte da nossa ação quotidiana, sem com isso que as empresas, e a atividade económica, em geral, deixem de entregar valor à comunidade, aos consumidores e aos acionistas. Nunca a noção de se pensar em comunidade foi tão forte. Nunca o foco desmedido no lucro foi tão colocado em causa. E não foram poucos aqueles que ouvi, ao longo do terrível período vivido desde março de 2020, assumir o quanto a liderança é um local solitário e o quanto o receio de tomar decisões erradas, sobretudo quando a informação escasseia, ocupa a mente dos muitos que lideram muitos outros e que cujas ações e decisões podem ter impacto de ordem diversa. 

Caminharemos para uma nova era de humanismo, em que nos levantaremos dos escombros para edificar uma mentalidade coletiva altruísta, socialmente próxima, capaz e mobilizadora, onde as oportunidades se criarão por mérito e não por indicação? Onde o talento, o esforço e o trabalho serão recompensados em justa medida? Quero acreditar que tudo passará e que, com o ajuste necessário, seremos capazes de tomar passos concretos nesse sentido. A sustentabilidade ambiental, social e económica andarão de mãos-dadas de forma irremediável, doravante. Que sejamos capazes de aceitar a mudança comportamental que tem que existir dentro de cada um de nós é o que desejo. 

Eça de Queirós, o mandarim e a Covid-19
Bruno Farias
Diretor Grande Consumo

Armando Mateus, Chief Experience Office Touchpoint Consulting

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Nuno Moura, Chief Marketing Officer da Federação Portuguesa de Futebol

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