A emergência do teletrabalho como categoria de negócio

João Paulo Peixoto, diretor geral da Staples Portugal
João Paulo Peixoto, diretor geral da Staples Portugal

Com a crise da Covid-19, seremos obrigados a reinventar um modelo económico que, num primeiro olhar, pouco teria que ser ajustado. Ao enfrentar-se o Covid-19, coletivamente, da forma como se enfrentou, melhor do que se estaria à espera, a reinvenção do modelo de negócio já começou a ser uma realidade.

Na Staples, felizmente, foi possível não entrar em lay-off. Conseguiu-se reagir de forma rápida e eficiente, com um total de 120 colaboradores a serem colocados em teletrabalho em apenas semana e meia. Alguns dirão que é um processo fácil, não foi. No nosso caso, cujo “core business” é a venda de material de escritório, foi igualmente necessário proporcionar as condições necessárias para que o trabalho no lar fosse uma realidade. Numa altura em que as vendas de computadores portáteis dispararam, foi preciso recorrer ao mercado interno e externo para obter os equipamentos adequados, em termos de características e desempenho, para as tarefas a desenvolver por cada um. E, sim, somos uma empresa especializada na comercialização desse tipo de equipamentos profissionais. Mas não estávamos preparados para ter, no nosso stock, os portáteis em quantidades suficientes, e com as especificações necessárias para o cumprimento de determinadas tarefas, para servir todas as necessidades dos nossos clientes externos e internos.

Desafio superado, cerca de 50 dias volvidos, encontramo-nos ainda a trabalhar desde casa. Olho para o passado recente e vejo que a empresa continua a funcionar. Mantemos 33 lojas em funcionamento (apenas tivemos que encerrar uma unidade), temos os nossos negócios de “contract” e online a trabalhar. Colocando a questão em perspetiva, tudo pareceu “sopinha no mel”, mas não foi. E apenas foi possível dar continuidade ao que centralmente se encontrava a ser feito graças a uma equipa extraordinária, mas muito particularmente aos colegas que se encontram nas lojas e nos armazéns, e que correram riscos, sempre com uma motivação incrível, superada que foi a fase inicial de natural apreensão.

 

A reação à Covid-19 foi excelente. E o negócio no futuro, como será?

A grande elação a tirar desta situação foi a necessária explosão do negócio online, à qual não estávamos preparados para dar resposta, com um aumento do volume de encomendas recebidas num rácio diário de até 150% mais face às nossas vendas quotidianas. De repente, este canal encontrava-se a crescer uns impensáveis 200%, com uma procura desmedida em artigos que passaram a ser de primeira instância, casos de computadores portáteis, impressoras, tinteiros, álcool, máscaras, apoios de braço, auriculares, entre outros. Conseguimos adaptar-nos e reagir rápido, com o necessário adiamento do prazo de entregas para sete dias úteis. Ninguém estava preparado para isto.

Não acredito que este crescimento exponencial do online vá passar a breve prazo, quando o regresso normalizado às lojas se tornar, de novo, uma realidade. Se há algo que devemos reinventar, de forma muito mais célere do que estávamos a fazer, é encarar o canal online como nunca foi percebido e percecionar o teletrabalho, e porque não a telescola, como uma categoria emergente de negócio. As empresas que não conseguirem reinventar-se e dar a aceleração necessária ao online para que o negócio cresça, devidamente suportadas por estrutura e serviços, não têm condições para sobreviver neste mercado. E se, antes, encarávamos este canal como algo que ia crescer naturalmente, agora é visto como um negócio que vai crescer rapidamente, com estas categorias emergentes a influenciarem o sortido disponível neste canal, como nas lojas físicas e corporate.

 

Teletrabalho

O teletrabalho é algo também novo para nós, formatados a estar e a trabalhar no escritório, razão pela qual este mês e meio foi de aprendizagem. E aprendemos, rapidamente, que o teletrabalho vai ter que ser encarado como uma categoria, única, que engloba artigos específicos, e é uma dimensão que não vai recuar mais em Portugal. Na Staples, estamos a preparar o regresso ao trabalho no escritório central, mas com metade da equipa, de modo a assegurar a segurança dos colaboradores. Um processo de adaptação a um “novo normal”, com adoção de procedimentos específicos de segurança no trabalho, e de modo a proporcionar, igualmente, as condições para que o teletrabalho seja uma realidade fluída. Na Staples e em qualquer empresa. Queremos, assim, continuar a prestar o melhor serviço possível a quem nos prefere, com a ambição de ser uma empresa, cada vez mais, omnicanal em todos os procedimentos, superando as barreiras do digital e do físico, entregando tudo o que é necessário onde é, igualmente, requerido. Queremos fornecer os escritórios do futuro. Em muitos casos, esses escritórios serão no lar de cada um de nós. Não há volta a dar.

João Paulo Peixoto, diretor geral da Staples Portugal
João Paulo Peixoto
Diretor geral da Staples Portugal

Ricardo Alves, administrador da Riberalves

Com os colaboradores, os parceiros e os clientes

APED Gonçalo Lobo Xavier

Covid-19: segurança para a retoma