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Aumento brusco das insolvências no Brasil

O impacto da pandemia de coronavírus pôs fim à modesta retoma da economia brasileira registada desde 2017. Segundo as estimativas da Crédito y Caución, o PIB do Brasil deverá contrair 6,2% em 2020.

A vulnerabilidade da economia brasileira deve-se à sua grande dependência do sector dos serviços e das exportações de commodities, bem como a uma elevada dívida pública. A disseminação massiva do coronavírus no Brasil e as medidas de contenção têm um sério impacto na procura interna. As exportações, afetadas pela forte queda na procura da China, Estados Unidos e Argentina, vão contrair este ano, sendo as exportações de soja a única exceção positiva.

Neste contexto, o risco de incumprimento em todos os sectores aumentou significativamente e as insolvências deverão aumentar 20% em 2020. A produção e venda de automóveis, bens de consumo duradouros, eletrónica, serviços e têxteis estão a ser afetadas pelas medidas de confinamento e pelo aumento do desemprego.

No sector dos serviços, os hotéis, restaurantes, bares e empresas ligadas ao turismo veem-se muito afetadas pela queda do consumo. As exportações de algumas commodities estão a diminuir devido à crise global. A indústria do petróleo e do gás, que já estava numa posição difícil antes da pandemia, está a ser afetada pelos baixos preços. A deterioração da procura nos sectores do petróleo e da construção afeta outros sectores, como máquinas, metalurgia e aço. Além disso, empresas cujas cadeias de valor são altamente dependentes das importações estão a ser afetadas pelo enfraquecimento da taxa de câmbio do real.

Para apoiar a economia, o Banco Central proporcionou medidas de liquidez e reduziu as taxas de juros várias vezes no primeiro semestre de 2020, para um mínimo histórico de 2,25% em junho. As autoridades federais já anunciaram um pacote de medidas fiscais que representam quase 10% do PIB, e não está descartada a necessidade de medidas adicionais.

Devido a estes estímulos, é esperado que o défice público ultrapasse os 15% do PIB em 2020 e que a dívida pública aumente para 91%. O défice era já a principal fragilidade económica do Brasil antes do surto de coronavírus, embora o risco de refinanciamento e de incumprimento da dívida soberana se veja mitigado pelo facto da maior parte da dívida ser financiada internamente (87%), em moeda local (95%), e por o governo ser um credor externo líquido.

Investimento

O Brasil é vulnerável a mudanças no sentimento dos investidores. O aumento da aversão ao risco por parte dos mercados financeiros globais, que levou a grandes saídas de capital dos mercados emergentes devido à pandemia de coronavírus, também elevou a pressão sobre o real.

No entanto, um sector financeiro forte, reservas oficiais consideráveis e necessidades de refinanciamento externo relativamente baixas permitem que a taxa de câmbio flexível atue como um amortecedor. Se a aversão ao risco internacional diminuir quando a pandemia do coronavírus diminuir, é esperado que o real recupere as suas perdas.

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