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A ascensão das alternativas baseadas em plantas

Os lacticínios estão “sob cerco” e há uma série de razões responsáveis ​​pelo seu desempenho lento nos mercados ocidentais. A saturação do mercado, as preocupações com a saúde e a consciencialização do consumidor sobre algumas práticas nas produções agrícolas são as fundamentais. Paralelamente, a ascensão do flexitarianismo levou ao “boom” de alternativas à base de plantas, contribuindo também para o fraco desempenho dos lacticínios.

Saúde e dietas flexitarianas

O desafio tem sido como comercializar os produtos à base de plantas. Os consumidores vegan constituem um grupo reduzido, pelo que não são a força motriz do “boom” da alimentação baseada em plantas. No entanto, os flexitarianos representam uma enorme oportunidade para a indústria de alimentos.

De acordo com a “Lifestyle Survey” da Euromonitor International, aqueles que reduzem o consumo de certos produtos de origem animal, mas não seguem uma dieta vegan/vegetariana rigorosa, representam quase 50% dos consumidores em todo o mundo.

Curiosamente, ao contrário das dietas vegan, as razões éticas e preocupações ambientais não são importantes para os consumidores que abdicam dos lacticínios. Motivações relacionadas com a saúde e o sistema digestivo são os principais fatores, de acordo com a mesma pesquisa.

À medida que as alternativas à base de plantas continuam a crescer em popularidade, o foco está nos países ocidentais, onde houve um crescimento substancial.

As alternativas não de soja são as melhor sucedidas, com vendas globais no retalho no valor de 10,6 mil milhões de dólares, em 2019. Os consumidores estão cada vez mais a olhar para além da soja, para alternativas mais recentes, com menor probabilidade de serem provenientes de culturas geneticamente modificadas, sem alérgenos e que carregam uma pegada de carbono mais baixa.

Também existe um interesse crescente por ingredientes associados a um valor nutricional agregado. Por exemplo, a aveia está ligada ao elevado teor de fibra, as nozes ao conteúdo de ómega 3 e a ervilha ao elevado teor de proteína. Cereais antigos, incluindo quinoa e milho, também estão em destaque e, embora sejam um nicho, representam uma oportunidade importante, uma vez que não são geneticamente modificados e possuem um perfil nutritivo interessante.

Etiqueta limpa

Num sector altamente competitivo, a diferenciação é essencial para os fabricantes se envolverem ainda mais com os consumidores e várias estratégias podem ser destacadas para continuar a ter sucesso nesta categoria.

Uma das áreas de foco nos próximos anos serão as ofertas com etiqueta limpa. O surgimento de alternativas baseadas em plantas é impulsionado principalmente pelos consumidores que as percebem como uma opção saudável, mas esses produtos, geralmente, são fortemente processados ​​e contêm longas listas de ingredientes, o que entra em conflito com a crescente procura por alimentos com “clean label”.

De acordo com a pesquisa da Euromonitor, 36% dos consumidores globais estão à procura do “totalmente natural” nos alimentos que compram. Adicionalmente, os ingredientes funcionais podem contribuir para a diferenciação num mercado altamente competitivo.

A inovação orientada pela tecnologia também será uma área de grande desenvolvimento nos próximos anos. A startup chilena Not Co é um bom exemplo da aplicação de “machine learning” na evolução das alternativas à base de plantas. A Not Co usa a inteligência artificial para mapear a composição molecular dos ingredientes de origem animal e substituí-los por produtos de composição molecular idêntica ou semelhante à base de plantas, para manter o sabor e a textura dos produtos originais. Essa tecnologia pode abrir uma nova porta para o futuro das alternativas à base de plantas.

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