“O grande desafio, para estes próximos anos, é fazer com que Portugal comece a ser reconhecido também como um país criador de marcas relevantes”

Ricardo Lemos Gomes, diretor de compras do El Corte Inglés
Ricardo Lemos Gomes, diretor de compras do El Corte Inglés

A alta qualidade de fabrico em Portugal é internacionalmente reconhecida, mas, por vários motivos, o país ainda não atingiu este patamar de notoriedade ao nível das suas marcas. A opinião é de Ricardo Lemos Gomes, diretor de compras do El Corte Inglés, para quem o grande desafio, para os próximos anos, “é fazer com que Portugal comece a ser reconhecido também como um país criador de marcas relevantes” e que seja capaz de as exportar, sem receio de competir. Desta forma, conseguirá criar mais valor para os seus produtos. Nesta senda, o El Corte Inglés criou a Montra Portuguesa, uma loja dentro da sua loja online, que permite acrescentar valor e diferenciação à sua oferta e, ao mesmo tempo, contribuir para uma maior afirmação e reconhecimento das marcas portuguesas, quer no mercado interno, quer internacionalmente.

 

El Corte Inglés criou, na sua loja online, a Montra Portuguesa, onde exibe marcas portuguesas de todas as áreas, sejam marcas centenárias ou que acabaram de nascer, mas que se distinguem pela sua qualidade. Com esta iniciativa, procura dar visibilidade às marcas portuguesas, não só em Portugal, mas num universo de clientes muito maior, que é o do Grupo El Corte Inglés. “Desde a sua entrada, em Portugal, em 2001, o El Corte Inglés sempre apostou em ter marcas portuguesas nas lojas e facilitou, igualmente, a sua internacionalização através das suas lojas em Espanha. Posso citar vários exemplos de histórias de êxito, como as ocorridas com a Laranjinha, a Lion of Porches ou até, mais recentemente, com a Wicket Jones. Sempre acreditámos, e continuamos a acreditar, que existem marcas portuguesas de excelente qualidade, com muito bom design e que, claramente, podem acrescentar valor e diferenciação à oferta existente nas nossas lojas. E é nesse sentido que criámos a Montra Portuguesa, que é, na sua essência, uma loja dentro na nossa loja online. Esta Montra Portuguesa permite-nos ampliar e diferenciar a nossa oferta dentro da nossa loja online, não só pelo facto de disponibilizar os produtos das marcas portuguesas que já estão connosco nas nossas lojas físicas, mas também e, sobretudo, por possibilitar a entrada de muitas marcas novas no El Corte Inglés, uma vez que, nas nossas lojas físicas, temos limitações de espaço”, explica Ricardo Lemos Gomes.

 

Projeto

Lançado já em 2022, o projeto começou a ser trabalhado há cerca de dois anos, período durante o qual foi possível estabelecer parcerias com diferentes organismos e entidades, como são os casos da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APPICAPS), da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC) e da Associação Empresarial de Portugal (AEP). “A conjuntura vivida nestes anos foi adversa e penalizou seriamente alguns sectores, como o têxtil e o calçado, o que dificultou a concretização deste projeto. No entanto, mais do que um objetivo temporal, o que sempre definimos como fundamental foi avançarmos com a Montra Portuguesa no momento em que tivéssemos um conjunto de marcas muito significativo e, sobretudo, muito qualitativo, de forma a tornar a loja apelativa comercialmente e relevante para o mercado. E foi com muita satisfação e orgulho que chegou o momento e estamos muito contentes, não só com as marcas que já estão a participar na Montra Portuguesa, como também muito confiantes no seu êxito e na incorporação de novas marcas”.

 

“Não estamos preocupados com o número de SKUs que disponibilizamos, mas fundamentalmente com a qualidade, a variedade e a novidade dos produtos que as marcas apresentam”

 

Oferta

Para já, na Montra Portuguesa, estão presentes 50 marcas e cinco mil SKUs. Sendo certo que o digital é, cada vez mais, um canal fundamental de vendas no retalho, por outro lado, também permite acomodar um número de marcas que seria impossível numa loja física. “Naturalmente que, à medida que este processo avançar, as novas marcas que tiverem mais sucesso na nossa Montra Portuguesa poderão passar também a estar presentes nas nossas lojas físicas, quer em Portugal, quer também em algumas lojas de Espanha. Ao mesmo tempo que muitas marcas que já temos nas nossas lojas físicas também passarão a ser vendidas na nossa loja digital, permitindo aos nossos clientes comprarem onde lhes for mais conveniente”, garante o diretor de compras do El Corte Inglés.

A Montra Portuguesa será, assim, uma loja em constante evolução e atualização e uma forma do grupo de grandes armazéns poder ampliar e melhorar a sua oferta, prosseguindo com a missão de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes. “Não estamos preocupados com o número de SKUs que disponibilizamos, mas fundamentalmente com a qualidade, a variedade e a novidade dos produtos que as marcas apresentam”. 

 

Montra Portuguesa

Na Montra Portuguesa, foram incluídas as categorias de produto mais representativas no mercado português, com especial destaque para o calçado, confeção, têxtil-lar, joalharia, cosmética e acessórios de moda. Ricardo Lemos Gomes indica que são valorizadas marcas que apresentem produtos qualitativos e que acrescentem diferenciação e inovação no mercado. “Valorizamos, igualmente, as marcas que sejam social e ambientalmente responsáveis. Por último, mas não menos importante, marcas ambiciosas e que vejam o El Corte Inglés como o parceiro certo para o desenvolvimento e crescimento do seu negócio”. 

A promoção de uma política de compras responsável é uma prática cada vez mais comum no retalho nacional, assim como se nota uma grande preocupação, entre os empresários portugueses, com a responsabilidade ambiental e social e em produzir artigos de uma forma mais sustentável. “Acreditamos que esta atitude irá contribuir, de uma forma muito importante, para a afirmação do ‘made in Portugal’ no mundo atual e futuro”.

 

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Reconhecimento das marcas portuguesas

A Montra Portuguesa é, fundamentalmente, um projeto de cariz comercial, com o objetivo de fazer crescer o negócio do El Corte Inglés, assim como o de todas as marcas que nela participam. Um projeto destes contribui, também, para o desenvolvimento e expansão das empresas portuguesas e, por consequência, para o crescimento económico do país. “Desde há muitos anos que o El Corte Inglés, mesmo antes da abertura da primeira loja no nosso país, em 2001, tem apoiado muito a indústria em Portugal, fabricando muitos produtos das nossas marcas próprias com parceiros portugueses. A alta qualidade de fabrico em Portugal é internacionalmente reconhecida, mas, por vários motivos, Portugal ainda não atingiu este patamar de notoriedade ao nível das suas marcas. Estamos convictos que esta Montra Portuguesa irá contribuir para uma maior afirmação e reconhecimento das marcas portuguesas, quer no mercado interno, quer internacionalmente”.  

 

Divulgação

Do alimentar ao não alimentar, existem muitos organismos e instituições que estão ativamente a promover e a divulgar a produção portuguesa internacionalmente, nos mais variados sectores. É um trabalho que, no entender de Ricardo Lemos Gomes, não tem fim e que nunca estará concluído, mas têm sido dados passos importantes nesse sentido. “Sinto que o reconhecimento do ‘made in Portugal’ é cada vez mais valorizado e apreciado e, inclusivamente, muitas marcas internacionais de grande prestígio gostam de comunicar que têm produtos fabricados no nosso país, como sendo um fator que lhes confere uma vantagem competitiva. Penso que o grande desafio, para estes próximos anos, é fazer com que Portugal comece a ser reconhecido também como um país criador de marcas relevantes e que seja capaz de as exportar, sem receio de competir com marcas de outros países. Desta forma, conseguirá criar mais valor para os seus produtos, o que levará o país a um desenvolvimento económico e social mais sustentado e qualitativo”, conclui. 

Por Bruno Farias

Diretor na revista Grande Consumo. Um eterno sonhador, um resiliente trabalhador. Pai do Afonso e do José.

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