Um estudo recente da Accenture Research vem cimentar a ideia de que nada voltará ao que era antes da Covid-19. As mudanças ao nível do trabalho e dos negócios levaram as empresas a inovar, de modo a responder às novas necessidades dos consumidores.
Prova de que muitas pessoas e organizações aceitaram que nada mais será como antes é a aposta em dar um novo propósito às localizações físicas, a exploração de novos modelos de negócio e o foco na tecnologia, de modo a encontrar novas fontes de rendimento. A nível individual, a pesquisa apurou que 95% dos consumidores mudou, pelo menos, um aspeto das suas vidas e que espera que esta mudança seja permanente. “Os efeitos da pandemia serão sentidos por algum tempo e servem para ilustrar como as empresas necessitam de ser ágeis, resilientes e responsivas à mudança”, afirma Oliver Wright, Senior Managing Director na Accenture. “Da necessidade surgiu a oportunidade, a pandemia motivou uma nova onda de inovação. Fundamentalmente, as empresas repensaram o modo de fazer os negócios de maneira a gerar crescimento, muitas estão a recorrer à analítica para detetar e responder as mudanças nas tendências de consumo”.
Transformação
Mais de um ano após o início da pandemia, as empresas interiorizaram que a transformação digital não é uma iniciativa limitada no tempo, mas um esforço contínuo.
Apesar do teletrabalho estar a tornar-se na norma, a pesquisa da Accenture apurou que 79% gostaria de, ocasionalmente, trabalhar a partir de uma terceira localização, que não a sua casa ou local de trabalho. Mais de metade disse estar disposto a pagar, do seu próprio bolso, até 100 dólares por mês para poder trabalhar a partir de um café, bar, hotel ou outro espaço dedicado.
Se, anteriormente, as viagens eram uma componente essencial dos negócios 46% dos inquiridos indicou não ter quaisquer planos de viagem no pós-Covid ou pretender reduzi-los para metade.
E-commerce
O e-commerce é, talvez, a maior demonstração do quanto as vidas e os negócios mudaram com a pandemia. De acordo com a Accenture, as compras online de alimentação e produtos essenciais, mas também de moda e de artigos de luxo, por utilizadores pouco frequentes, aumentaram 343% desde o início do surto de Covid-19. Por utilizadores pouco frequente a Accenture entende pessoas cujas compras online não ultrapassam 25% do total de compras.
Os consumidores optaram por comprar online, não só devido aos confinamentos, mas também pelo receio de se infetarem ao visitarem espaços de maior aglomeração, como os supermercados.
“Os retalhistas foram rápidos na sua adaptação ao impulso do e-commerce e estão a utilizar a tecnologia para servir os consumidores de novas maneiras”, sublinha Jill Standish, Senior Managing Director na Accenture. “Muitos adotaram tecnologias disruptivas, como a realidade aumentada, para recriar a experiência das lojas físicas e ajudar os shoppers a visualizar um espaço ou peça de roupa, enquanto outros deram uma nova utilização às lojas encerradas, transformando-as em centros de abastecimento do online. Mesmo num mundo pós-pandemia, as empresas necessitarão de satisfazer o apetite dos consumidores pelas compras online com entregas rápidas e ser mais intencionais quanto aos investimentos que fazem nos seus colaboradores, cadeias de abastecimento, lojas físicas e canais digitais, para se posicionarem para o crescimento”.