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60% dos trabalhadores em Portugal acredita que a IA está a criar mais empregos

Estudo da Adecco revela otimismo perante a tecnologia, mas falta de confiança e propósito nas empresas

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A inteligência artificial (IA) está a transformar o mercado de trabalho português e, embora o entusiasmo predomine, persistem dúvidas quanto ao seu verdadeiro impacto. O mais recente “Global Workforce of the Future 2025”, um estudo mundial conduzido pela Adecco, mostra que 60% dos trabalhadores em Portugal acredita que a IA está a criar mais empregos e 69% reconhece que as suas funções estão a evoluir com a tecnologia. Apenas 21% teme perda de postos de trabalho, revelando um clima de otimismo perante a transição digital.

Contudo, a confiança na IA permanece baixa. O índice nacional de confiança situa-se nos três em 10, abaixo da média global de 4,5. Este desfasamento entre perceção e experiência traduz-se numa ambivalência entre a curiosidade e a incerteza, refletida também no sentido de propósito profissional. Apenas 38% dos portugueses afirma sentir um forte propósito no trabalho todos os dias, valor inferior à média global (46%). Segundo o estudo, as oportunidades de progressão na carreira são o principal fator que reforça o envolvimento e fidelização dos colaboradores.

 

Tempo ganho, mas valor por medir

Os profissionais portugueses estimam poupar cerca de 80 minutos por dia com o apoio da IA. No entanto, apenas 36% afirma conseguir medir o impacto real do seu trabalho e 30% pretende assumir um maior controlo sobre o desenvolvimento das suas competências. O relatório conclui que o desafio não está apenas nas ferramentas tecnológicas, mas na criação de contexto e cultura organizacional que convertam esse tempo libertado em valor e propósito.

A convivência entre humanos e sistemas inteligentes é inevitável: 42% dos trabalhadores espera que as suas empresas integrem agentes de IA nos próximos 12 meses, mas apenas 23% refere estar a ser envolvido nesse processo de transformação. A falta de participação explica, em parte, o baixo nível de confiança, sublinhando a necessidade de comunicação interna, transparência e formação contínua.

“Os dados mostram que os portugueses estão recetivos à IA, mas procuram respostas e direção. As empresas devem ser claras sobre o papel que a tecnologia desempenha na sua estratégia e investir em formação, garantindo que os colaboradores se sintam parte ativa da mudança. Só assim a IA se tornará uma ferramenta de progresso humano e organizacional”, afirma Alexandra Andrade, country manager da Adecco Portugal.

 

Futuro do trabalho será humano e tecnológico

O estudo conclui que o verdadeiro potencial da IA surge quando esta é colocada ao serviço das pessoas, reforçando propósito, confiança e valor partilhado. “O futuro do trabalho será definido pela forma como humanos e tecnologia aprendem a crescer juntos”, lê-se no relatório.

O relatório completo “Global Workforce of the Future 2025” pode ser consultado aqui.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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